Muladeiro (capítulo XX)
Vários policiais, juntamente com o delegado Irineo, bateram à porta do assassino, nas primeiras horas do dia, após o crime. Todas as janelas e portas estavam fechadas, a gamela do cachorro estava vazia, entretanto restava um pouco de água na outra gamela.
Insistiram, rondaram pela casa, procuraram por toda parte, e ao chegarem perto do celeiro, encontraram um bilhete, colado na porta.
" Fiz vingança com as próprias mãos. Aquele desgraçado não valia nada. Arruinou a vida da minha filha, da pobrezinha da Jacira e de muitas outras moças da redondeza. Ninguém abria o bico, de medo daquele filho de uma puta. Fujo, mas deixei minha marca pra sempre naquela família dos infernos".
____ Puta que pariu! Que lazarento de uma figa! - comentou Irineo, sem demonstrar que não sabia o que fazer, depois daquele bilhete confesso.
Deixaram a casa silenciosamente, e engrenaram o Chevrolet em direção à delegacia.
Aquele caso seria como encontrar uma agulha no palheiro, pois ninguém sabia dizer se Tadeu, o assassino, tinha parentes na cidade ou em outro lugar.
Arquivar o caso era a última coisa a se fazer, porque Irineo seria desmoralizado e, provavelmente, exonerado de seu cargo, que conquistou a duras penas. Pensou, pensou muito e decidiu pedir ajuda aos colegas peritos da capital.
Solicitou ao soldado Marcos, que fosse ao telegrafista, o mais rápido que conseguisse, e enviasse a seguinte mensagem:
"Caso urgente a ser resolvido com a ajuda de perito. Favor enviar o Dr. Fernandes. Obrigado. Del Irineo".
Marcos saiu em disparada à agência de correios e telégrafos, pois a mesma ficava a meio quarteirão da delegacia.
_____ Manda logo essa mensagem. O homem tá com a macaca abraçada, lá na delegacia - falou Marcos, que ria de si mesmo.
Na mesma hora, o telegrafista colocou-se frente a máquina, e digitou o texto em poucos segundos.
Confirmado o recebimento do telégrafo, Marcos voltou à delegacia e depositou na mesa do chefe, a cópia que recebera.