NÃO TENHO TEMPO

Tudo na vida passa, inclusive a nossa própria vida. Entretanto, jamais poderia eu deixar passar no tempo, sem registrar um acontecimento tão importante que me chamou muita atenção a ponto de recorrer-me do meu humilde vocabulário para descrevê-lo.

Estamos vivendo em pleno século 21. Uma nova era , um novo tempo.

Tempo em que a tecnologia predomina no campo e na cidade.Tempo em que a informatização tornou o nosso mundo menor. Tempo em que se resolve quase tudo com tanta perfeição e rapidez que até nos dá a impressão de que estamos sonhando, quando lembramos do velho tempo em que tudo era transportado em lombo de animais ou em carros de bois.

Hoje, se voltarmos no tempo, um século atrás, pelo que relata os manuscritos da nossa historia, constatamos que a tecnologia tornou tudo mais fácil e mais rápido na vida do cidadão de hoje.

Deveria estar sobrando muito tempo na vida de muita gente; porém está acontecendo exatamente o contrário. Numa época de tantas locomotivas, de milhares de carros super modernos e aviões supervelozes, numa época de uma infinidade de telefones celulares e que se pode falar de quase todo lugar onde estiver, numa época com tantas máquinas agrícolas super modernas, em que apenas um operário pode fazer o trabalho de centenas de pessoas, por incrível que parece, ainda está faltando tempo na vida de muita gente.

Hoje, mesmo com tantas facilidades para viver, quase ninguém tem tempo. O dia , a semana, o mês e o ano parecem que ficou bem menor.

Muito antes do raiar da aurora, muito antes das badaladas lentas e compassadas do sino da matriz, anunciando o alvorecer de um novo dia, um dia igual a tantos outros, em que a rotina é sempre a mesma, já começa a grande correria da população em busca de tempo para realizar seus compromissos diários.

Nas grandes metrópoles, a maioria da população deixa suas residências ainda pela madrugada para chegar aos seus endereços agendados que, muitas vezes, é o trabalho, a Academia de Letras, o colégio, o hospital, os órgãos públicos, o supermercado e tantas coisas mais.

Se algum analista de tempo, tivesse a curiosidade de parar por alguns minutos no centro de uma metrópole, ficaria extasiado sem entender como as pessoas vão e vem cada dia mais apressadas para resolver seus compromissos diários dentro do prazo previsto.

Esta correria todos os dias é a vida do acadêmico, do estudante e do professor, do empregado e do patrão, do paciente e do doutor, do funcionário público e do executivo, do advogado e do juiz, do vaqueiro e do fazendeiro e também de um bem sucedido empresário que igual a tantos outros, está sempre correndo em busca dos seus compromissos e questionando cada dia mais a falta de tempo para tantos afazeres.

A vida estressada deste empresário me chamou muito a atenção pelo fato dele estar tão ocupado com suas empresas, com inúmeras reuniões políticas, com palestras, com entrevistas na mídia, com viagens ao exterior, que lhe faltou tempo para a sua querida família, principalmente para o seu filho Lucas de oito anos de idade.

Lucas é filho único, e estuda num ótimo colégio particular, nunca lhe faltou brinquedo para brincar, porém leva uma vida muito vazia e solitária porque sempre lhe faltou o que todo filho mais gostaria de ter, que é a companhia e o carinho dos pais.

Todas as vezes que o pequeno Lucas pedia ao pai para brincar com ele, levá-lo ao colégio, à praia, ao zoológico, ao campo de futebol jogar uma pelada, em fim, tirar tempo para lhe fazer companhia, a resposta do pai era sempre a mesma. Ò!.. filhinho querido do coração , deixa pra outro dia, hoje não tenho tempo.

Os dias foram se passando e a resposta do pai era sempre a mesma, não tenho tempo, estou cada vez mais ocupado meu filho.

Um dia, Lucas já cansado de ouvir sempre as mesmas respostas, entrou no escritório do seu pai e lhe fez a seguinte pergunta. Papai quanto é que o senhor ganha em uma hora de trabalho? Sem dar importância para a quantia real que ganhava respondeu ao filho. Talvez uns 20,00 mais ou menos. O senhor pode dar-me dez reais hoje? Sem reclamar, o empresário pegou o dinheiro e entregou ao filho. Como não era costume o garoto lhe pedir dinheiro, o pai perguntou logo para que ele queria aquele dinheiro. Sem demorar Lucas respondeu logo ao pai: È que eu já tenho 10,00 que minha mãe me deu e com estes 10,00 que acabei de ganhar, quero comprar pelo menos uma hora do seu tempo para o senhor brincar um pouco comigo. Por que o senhor nunca tem tempo para mim.

Esta resposta caiu como uma bomba na cabeça daquele empresário, que tinha os seu interesses econômicos acima de tudo na sua vida. O pai de Lucas, só pensava em acumular riquezas, ganhar eleições, aparecer cada vez mais na mídia e nunca tinha parado um minuto para pensar que a maior riqueza de sua vida, sem sombra de duvida, é a sua família.

Por este, e por inúmeros outros motivos é que muitos filhos acabam sendo esquecidos pelos pais e, às vezes, terminam sendo adotados pelos traficantes. Será que você não está trocando sua família pela falta de tempo?

Este rico empresário, ficou muito comovido com aquele humilde gesto do seu filho, e se deu conta de que estava jogando fora a sua maior riqueza, que é a sua família.

Depois desta importante lição de vida do pequeno Lucas, seu pai sempre encontrou tempo para brincar e passear com ele.

Porque tempo toda pessoa tem, basta saber usá-lo.

Ter tempo é questão de preferência.

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Hélio rodrigues Braz

Membro fundador do Centro de Cultura

Engenheiro Bernardo Sayão e membro

Fundador da A.A. L. cadeira N° 10

goiano
Enviado por goiano em 15/03/2007
Código do texto: T413764