MARGARIDAS CAETANAS
Duas figuras folclóricas da minha cidade. As Margaridas Caetanas. Eram duas irmãs: Margarida Caetana e Tonha Caetana, que com o passar dos anos e do convívio dos moradores, passaram a ser chamadas apenas de: “Margarida Caetana”. Qual das duas aparecesse na cidade, comentavam-se os moradores: Olha a Margarida Caetana!
As Maragaridas moravam num retiro na Fazenda do Sr. Luiz Izidio, a alguns quilômetros da cidade de Lagamar. Trabalhavam no pequeno roçado que o fazendeiro lhes cedia e viviam das crias do terreiro: Aves, mandioca, mangas e até frutos do cerrado que elas traziam para vender na cidade.
As Margaridas são personagens históricas. Lembrando-as agora, pinto suas figuras folclóricas num óleo imaginário. Negras, pele brilhosa de suor e sol, roupas extravagantes, saias longas e escandalosamente estampadas, confeccionadas em tecidos de chitão. Colares. Muitos. Bolas, pérolas enormes, contas coloridas, uns sobre os outros. Brincos enormes, também coloridos. E marcadas definitivamente de rouge (hoje blush) e batons vermelhos. E como não bastasse, o quadro era emoldurado por uma quiçaça de sacolas de produtos, que ora traziam para vender, ora compravam para levar.
As Margaridas viveram em minha região por uma eternidade, parece que não envelheciam nunca. Alguém conhecia as Margaridas, ficava velho e lá estavam elas, sempre do mesmo jeito. E como toda comunidade cria seus costumes e suas tradições, por aqui se criou o curioso costume de chamar as pessoas de “Margarida Caetana”. Se alguém aparecia cheio de sacolas, diziam-se logo: Lá vem a Margarida Caetana. Se uma senhora se vestia de forma extravagante, com muita estampa ou com brincos e colares grandes, era certo algum comentário: Parece a Margarida Caetana. Se uma moça carregava na maquiagem, logo alguém gritava: Nossa! Ficou igualzinho a Margarida Caetana!
As Margaridas morreram, mas o costume permaneceu entre nós. Não sei se foi exatamente correto usar o termo “Margarida Caetana” para se referir a alguém extravagante. Mas, creio que se o costume prevaleceu, de alguma forma elas foram eternizadas no nosso ditado popular. Nota-se que vez ou outra, presenciamos alguma criança questionar as mães sobre essas figuras, e estas, mesmo sem tê-las conhecido, passam de geração a geração as figuras jamais esquecidas das queridas Margaridas Caetanas.