SE BARBA FOSSE SINAL DE RESPEITO BODE NÃO TINHA CHIFRE.
SE BARBA FOSSE SINAL DE RESPEITO BODE NÃO TINHA CHIFRE.
Xismem era um homem honesto, trabalhador e simplório. Casou-se aos 33 anos de idade com uma moça-roxa, porém, sapeca e muito amorosa. Ela tinha amor demais para dar; muito jovem, trabalhadora
e inteligente.
Xismem e Dalila formaram família de três filhos. E o tempo passou.
A vida era boa e bela. XIS, como era apelidado pelos amigos com-
prou uma casa, montou um bar e deixou a barba crescer às vistas.
Entretanto, o homem-personagem deste alcoolizava-se diariamente
e viciou-se em ¨jogar sinuca¨com os amigos do bar, a contra-gosto da dileta esposa Dalila, a qual o advertia: homem, isso vai acabar mal... E ele falava e dizia: respeite a minha barba!
E acabou mal mesmo. O barmem alcoolizava-se mais e mais. Jogava sinuca até o amanhecer nos fins de semana, e depois de faltar três dias seguidos ao serviço perdeu o bom emprego.
Desempregado começou a fazer ¨bicos e biscates¨, sobrevivendo a família, na prática, dos rendimentos do bar. E o bar entrou em colapso rentável, pois, os fregueses sumiam dia a dia, uma vez que Xismem parou de patrocinar os churrascos de sábados, domingos e feriados.
E o calote aumentou consideravelmente na vida daquele bom-homem. A mulher do XIS empregou-se como caixa de supermercado.
Então o homem falido e endividado, depois de perder uma partida de sinuca, disse ao ¨amigo¨:
- Vou trabalhar em São Paulo. Tome conta da minha mulher e da casa.
E o garanhão-silvestre:
- Vá com Deus... E não peque mais!
E o tempo...
Três anos depois, numa tarde de domingo, XIS retornou à casa. Ela estava fechada, trancada... E vazia!
Ele saiu em busca da mulher e filhos. Encontrou-os morando com o ¨amigo¨, e, a Dalila com um filho nos braços. Então pensou: que ¨amigo¨... Não preciso de inimigo!
Conformado com a situação vivencial, ele se desfez da longa barba esbranquiçada; divorciou-se; viu-se às barras da justiça. Aprendeu a lição pela dor. Endireitou-se na vida. Procurou e encontrou um novo amor: Conceição Aparecida!
É como escreveu Nélson Rodrigues: A Vida Como Ela É...
F I M.