Petileu e a a sua moeda da sorte

Petileu a jogava para o alto e a girava por duas ou até quatros vezes no ar. Ela brilhava, pois o sol estava radiante e cada vez que Petileu a girava e a jogava para o ar, o seu sorriso radiava; era um grande sorrio: Há! Há! Há!, pois muita sorte ela lhe dava ou assim ele pensava: a sua moeda da sorte.

A moeda era redonda e achatada, como todas as moedas. Tinha uma grande e forte pomba desenhada; com as suas asas abertas como se preparasse para voar ou até como se pairasse em um vento forte de inverno. Ele encontrou esta “belezura” perto do mar. Pensava em uma linda donzela, chamada Licardia: negra, dos olhos castanhos claros; fora um caso de verão, todavia ela falecera por conta da tuberculose. Uma doença nova naqueles tempos. Estava ali triste perto da maré: que ia e vinha e vinha e ia na mesma ordem e compasso; quando ela apareceu: a moeda, aos poucos ela foi aparecendo, sendo desnuda pela água salgada; a maré. E quase não foi notada por Petileu, pois ele estava triste e olhava sempre reto para o horizonte, mas a maré foi teimosa e eficiente, o avisou encostando aos poucos nos seus pés descalços e foi assim que o brilho da moeda encontrou o seu ágil e despercebido olhar. Suas pequenas mãos tirou a água de sua superfície e foi assim que Petileu ligou a moeda a Licardia, pois pensava nela naquele momento, todavia depois de um tempo: três dias ela deixou de ser Licardia e se transformou em sorte; a sua moeda da sorte.

Um beijo de uma nova dama, ou uma sorte no poker o seu jogo preferido ou esporte como ele chamava. Petileu ligava a sua moeda. Dava aquele esbelto giro no ar, era a moeda que voava e por fim dois pequenos beijos, não um beijo, eram dois e era assim que ele sempre fazia. Não tinha um emprego fixo dependia muitas vezes da sorte e isso ele tinha: a moeda, que lhe trazia muita sorte; uma sorte resumida.

Na verdade alguns até o criticava, não tinha um emprego ou uma família, todavia tinha uma pequena casa: sim! Dois cômodos: quarto e cozinha com todos os moveis. Herança de sua finada tia: Gerundia Tardia Ramos das Neves. Sua casa, de mais ninguém, na rua dos Alfineiros, 672. Estava sempre cheia: por amigos e em sua maioria mulheres. Um a um iam embora e sempre sobravam umas amigas: Julia e Tatia, mas em sua maioria quem sempre ficava era Julia, linda morena da cor branca, magra e sexy era assim que ele contava para os seus amigos e dizia que era a sorte: a sua moeda da sorte.

Ele era feliz, pois não precisava de muito, do poker e de seus amigos conseguia tirar o necessário para viver e se considerar uma pessoa feliz; claro que uma pequena pensão herdada pela morte de sua tia o ajudava a comer e até comprar algumas roupas de alta costura, as vezes não julgava necessário, mas gostava de se vestir bem e na moda, todavia muitos diziam que ele ficava bem em qualquer situação, pois era bonito e tinha bons genes, o povo que dizia. Não entendia muito bem o que isso queria dizer, mas era a sorte e todos os assuntos terminavam assim: dois beijos suaves depois de alguns giros no ar.

E muitos falavam pela as suas costas que a vida não é feita de sorte e sim, de muito trabalho árduo. Petileu era colocado na conversa de bocas que ele nem conhecia. Não tinham o devido cuidado, pois ele poderia ter razão e aquela pequena e redonda moeda, de verdade, poderia fazer a diferença, quem provaria o contrario? Eu? Você?

Petileu provava com dois beijos sempre depois do provado giro no ar; a sorte. Pois com o sorriso; um sorriso não falso, mas esbelto. E sabe que durou muito tempo, um tempo bom, de sorte e muito pouco azar. Mas um dia ele estava ali sentado como no inicio e foi à tuberculose que o levou como muitos naquele tempo, a sorte não o salvara desta vez. Mas por sorte, talvez, a moeda tenha se perdido e foi isso que aconteceu; talvez fora Licardia ou até a maré daquele imenso mar. A sorte tinha ido embora, pois a sua validade acabara...