Muladeiro (capítulo IV)

Na manhã seguinte, e antes mesmo do horário do almoço, o Dr. José Luis, médico de confiança da zona rural e o único que se deslocava para a casa dos fazendeiros, examinava Teodoro, e não gostava do que via. Solicitou exames de todos os tipos, e devido à gravidade do caso, levou o paciente à Santa Casa, naquele mesmo dia.

Ficou internado por dois dias, e durante esse curto espaço de tempo, o fazendeiro sentia muitas dores, conseguindo algum alivio, à base de analgésicos e bolsa de água quente, no local atingido. Mas, como sua saúde era igual a de um touro procriador, recuperava-se rapidamente, porém começava a dar seus sinais de injuriado, naquele hospital.

Na fazenda, Ernestina rezava pela saúde do marido e, angustiada, esperava pelo resultado dos exames, que não tardaram a chegar.

____ Israel, o doutor mandou me chamar no hospital. Pega o Antonio e leva na Mariquinha. Já separei tudo o que ele precisa nessa sacola. Fala pra ela que eu não tardo a voltar; e, pelo amor do Bom Jesus, não diga nada sobre o acidente. Isso pode deixar o patrão humilhado. Se ela perguntar onde fui, diga que precisei levar uma correspondência na cidade, mas como o sol tá forte, preferi não levar o bebê.

Ao entrar pela recepção do hospital, Ernestina dirigiu-se a uma das funcionárias, perguntado onde ficava o consultório do Dr. José Luis. Ao adentrar o recinto, ela ficou feliz quando viu, já sentado, porém com cara de poucos amigos. Sentou-se ao seu lado, não lhe dirigiu a palavra, e esperava pela chegada do médico.

_____ Bom dia! – disse o Dr. José Luis ___ finalmente, os exames laboratoriais chegaram e vou direto ao assunto, porque sei que o senhor não é homem de meias palavras. Teodoro, o senhor não poderá ter mais filhos. O coice que levou, atingiu seriamente seus órgãos genitais, deixando-o estéril. Por sorte, não atingiu sua potência sexual.

_____ Putain de merde! – gritou, ainda se lembrando do vocabulário que seu pai, de origem francesa, ensinara-lhe.

_____ Calma Téo, espere o doutor terminar – tentava, em vão, a esposa acalmar o marido.

Silvana Goes
Enviado por Silvana Goes em 07/11/2012
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