Muladeiro (capítulo III)
A esposa espalhou lamparinas pela casa e dirigiu-se ao quarto, a fim de pegar roupas secas e toalhas, pois Teodoro, também, tremia de frio. Por sorte, Antonio nem se mexia no berço, e isso fez com que Tina pudesse trocar o marido, despreocupada.
Os funcionários ajudaram-na a despi-lo, e naquela hora, as diferenças foram esquecidas, porque o que contava era ajudar a Dona Tina. Minduim apressou-se em trazer uma bacia com água quente, e a colocou sobre uma cadeira de madeira, cujo verniz estava gasto e sem brilho. A face e os cabelos daquele homem, que parecia semimorto, estavam enlameados e era preciso limpá-los. Com dificuldade, arrancaram-lhe a calça e todo restante das roupas, e ao visualizarem o sexo de Téo estendido no sofá, horrorizarem-se com o que viram.
____ Meu Bom Jesus! Meu marido vai morrer! Como esse roxidão veio parar nesse lugar? E que tamanho estão os testículos? Pobre homem. Quanto azar num único dia. – retrucou Dona Tina, com os olhos marejados e a voz embaraçada.
Israel e Minduim desviavam os olhos do fazendeiro, abaixando suas cabeças, porque a cena os constrangia. “Que será que vai acontecer ao chefe?” - pensava Minduim, que não ousava soltar uma palavra naquela mal iluminada sala, que em seu assoalho mostrava pequenas poças d’água sob os pés dos dois irmãos.
Todos os animais foram retirados da lama, e no derradeiro o incidente aconteceu. Minduim encarregou-se de abrigar Princesa, enquanto Israel correu para a casa.