O lago...
Pegamos uma estrada em um final de semana,
a intenção era de passarmos o dia em uma praia do litoral norte da região.
Uma placa nos chamou a atenção, indicava a entrada de uma lagoa, sim a lagoa azul.
Será que essa lagoa é mesmo azul? Comentei.
Resolvemos conhecê-la, adentrando pela trilha que se mostrava a nossa frente.
Paramos o carro, desci para fazer o reconhecimento do lugar e sinalizar se era seguro continuarmos o passeio.
Observei algumas frestas de luz vindas do sol entre as árvores, meu dialogo interior sinalizava confiança, segui a intuição.
É um lugar belíssimo, vamos continuar, falei.
Em determinado ponto, vi uma igreja em ruinas, paramos o carro e todos desceram para fotografá-la; adverti quanto às cobras para que tivessem cuidado.
A igreja datava o ano de 1820 havia um bosque intacto a sua frente, ficamos em silêncio, fascinados com a beleza e a disposição das árvores.
O solo coberto de folhas secas, inspiração para uma obra óleo em tela.
Fiquei parada sentindo a energia do lugar, falava baixinho pedindo permissão aos seres elementais da natureza, que pudéssemos adentrar só um pouquinho sem estragar nada ao pisar. Continuamos em silêncio, fotografamos e voltamos para o carro seguindo mata a dentro. Uma nativa lavava roupas num pequeno riacho perto dali. Alguns sons chegavam a assustar-nos, pássaros enormes voavam de uma árvore para outra deixando-nos encantados com suas cores e cantos. Finalmente chegamos ao lago, um lugar bem cuidado, pouco explorado, um pequeno restaurante rustico com alguns caiaques e pedalinhos em sua margem.
Fomos recepcionados por pessoas simpáticas que logo nos ofereceram uma mesa a sombra de uma árvore com vista para o lago, bebidas geladas e os entretenimentos. Novamente, fiz o reconhecimento do lugar, brinquei no pedalinho e voltei à margem, vi que todos estavam muito a vontade. Empurrei o caiaque até a água, dispensei o colete salva vidas, equilibrei o remo e atravessei para a outra margem. Senti uma paz profunda me tomando lentamente, contornei todo o lago, parei em seu centro, fechei os olhos atenta aos sons que vinham da mata, depois observei as árvores enormes, frondosas, perfeitas. Estava cada vez mais distante na imensidão que tomava conta de mim, o ruído dos peixes ao meu redor, folhas ao vento, pássaros cantando alegremente, conversei com eles como velhos conhecidos.
Já não estava tão em mim, e sim numa índia em uma canoa atravessando um grande rio num reencontro mágico. Fiquei horas assim...
Retornei a margem e encontrei as pessoas espantadas por eu ter me afastado tanto. Não podia expor o que acontecera, foi um momento único, fascinante, ninguém entenderia. Estava diferente, serena e em paz.
Um senhor de idade já avançada, olhava-me como se soubesse o que acontecera. Sorriu e delicadamente, quase que num sussurro pronunciou: muito corajosa, seja bem vinda e se foi...