Desilusão

Desilusão

A maior tristeza que senti foi quando a decisão injusta de um governador, que sem nem me conhecer me tirou o meu trabalho o meu chão ,o meu futuro...

Dizem que na adolescência as coisas pequenas se tornam exageradamente grande .Mas era a coisa maior que eu tinha conseguido no auto dos meus quinze anos.

Minha mãe separada, oito irmãos, todas as colegas da escola com cadernos novos, canetas bonitas e eu com aqueles caderninhos pequenos que as outras crianças não queriam. Roupas, nem pensar, era uma por ano, quando não era reformadas das minhas irmãs ,como as” meias de bilocas”,umas meias com duas bolinhas penduradas que minha mãe comprou pra minha irmã mais velha ,vermelhas ,lindas ,passou pra minha irmã Lucia que usou rosa ,Susana usou branca ,quando chegou pra mim estavam encardidas ,quase marrom .

Lá em casa era uma fartura danada...Fartava de tudo.

No colégio escolheram os dez melhores alunos para ganharem uma bolsa de trabalho remunerado de seis meses. Nesse trabalho iriamos acompanhar os professores nas escolas, tipo auxiliar de professora, era o que eu sempre quis fazer, desde pequena eu dizia vou ser professora, todo mundo sabia desse meu objetivo. Cheguei em casa e comuniquei a minha mãe ,lembro que ela disse ,não faz mais que sua obrigação ,tem que estudar mesmo ,mas no fundo vi que ela ficou feliz e orgulhosa .Eu não fiquei feliz não ...á muléstia ,quase não cabia mais em mim de tanta alegria que sentia.

Fui trabalhar cabeça erguida ,fazia o que me pediam e o que não pediam ,era a primeira a chegar e a última a sair, amava aquilo tudo. Depois de seis meses, a escola só iria ficar com dois ajudantes, eu fui uma das, então meu contrato foi renovado, e foi se renovando por quatro períodos, mas no quinto...

Meu mundo caiu!

Fui à secretária pra renovar o contrato e me falaram que o governador não renovou o projeto dos ajudantes de sala ,assim sem mais nem menos .Fiquei boquiaberta, lagrimas escorriam do meu rosto ,não sabia o que falar e nem tinha pra quem falar ,pois a secretária informou e entrou pra sala .vim o caminho todo chorando, no ônibus os passageiros ficaram olhando pra mim eu nem percebia só pensava :não vou mais trabalhar na escola ,não vou mais ter salário, não vou poder ajudar em casa e tão pouco compara as minhas coisas.

Foi à primeira desilusão que senti na vida.

Passou ,como tudo na vida.

Ontem precisei ir à secretária de educação e como sempre me lembro daquele dia fatídico.

Mas, não desisti, as professoras ficaram tristes e a diretora pediu pra uma colega arrumar uma turma pra mim na escola dela e eu continuei trabalhando no que eu amo fazer: Lecionar.

Rosa de anjo
Enviado por Rosa de anjo em 07/07/2012
Reeditado em 20/04/2013
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