MALCRIADO
Nilton Cesar disse ao seu filho, de quatro aninhos:
-Vamos te benzer, porque você está muito agitadinho.
-Aonde a gente vai, papai?
-À casa da avó do meu amigo Robinho.
Eles foram, mas, antes, passaram na casa do neto da benzedeira e o pegaram
-Cara, quer dizer, então, que você vai ser bento.
-Vou e é até bom, sabia? Estou muito agitado, “malcrioso”, desobedecendo a minha mãe, batendo nos meus colegas e na minha prima Duda.
Ao chegarem, o garoto foi recebido com um beijo e um abraço afetuosos.
-Como você é bonito! Qual é o seu nome?
-Francisco Neto.
-O quê?
-É Francisco, já disse!
-Como é mesmo?
A mãe repetiu o nome da criança em voz alta.
-Entendi. Que nome lindo que você tem!
-Obrigado. O que é que você vai fazer comigo, hem?
-Vou fortalecer o seu anjinho da guarda, para ele ficar forte e cuidar bem de você.
O menino ficou quietinho, concentrado na Palavra de Deus proclamada pela bondosa senhora, e observando o crucifixo que lhe era passado em forma de cruz.
No final da oração, ela disse, entusiasmada:
-Amém! Agora, você está ótimo, meu filhinho!
-Ah... Está bom. Mas cadê o pó de pirlimpimpim?
-O quê?
-O pó de pirlimpimpim, oras!
-O que foi que você disse?
Leninha interviu de novo.
-O pó está aqui, na minha mão.
Ao fingir que jogava o pozinho mágico em sua cabeça, o garoto reclamou:
-Ah! Esse pó é de mentirinha! Eu quero de verdade!