FOI O NEI

Morei algum tempo na cidade de Manaus, no Amazonas e naquela época tinha inaugurado uma grande e linda loja, que talvez alguns de vocês tenham ouvido falar, a tão maravilhosa Mesbla. Pois bem, fizemos muitas amizades que o povo amazonense é muito hospitaleiro e tem o espírito parecido como do carioca.Nessa loja trabalhava um amigo que eu nem sabia que o mesmo era de lá e, tínhamos muito carinho um pelo outro, nossas esposas se conheciam, nossos filhos aos dele e uma bela ocasião eu e minha mulher com nossos filhos resolvemos dar uma passadinha para conhecer a loja.Ao entrarmos, vimos toda aquela montanha de coisas boas que toda família gostaria de ter dentro de casa, desde móveis, eletrodomésticos,brinquedos,roupas.E eu

não tinha ainda o cartão.Eu era ainda um garoto recém-casado, um marinheiro de primeira viagem, já com dois herdeiros.De repente andando pelas sessões de sapatos, dei de cara com o Nei.E ai Carlinhos tudo bem? O que você manda? – o vendedor, meu amigo, foi dizendo.Não mando nada só dando uma olhadinha, eu falei.Ele perguntou: Você já tem o cartão da loja?Não, ainda não.Então vai lá em cima no setor de cartões e diz assim: "Vim pegar o meu cartão da Mesbla, foi o Nei que mandou". Bem, mediante aquela ordem e pedido tão gen

til,eu não pensei duas vezes, pedi à mulher que esperasse um pouco ali embaixo com as crianças que eu voltaria rapidinho e subi.Em chegando lá, havia aquele montão de gente, e eu fui me aproximando e me aproxi

mando e então uma mocinha me viu e perguntou: "Pois não Senhor, já foi atendido"? ,com um belo e esplendoroso sorriso cativante."Eu vim pegar meu cartão, foi o Nei que mandou"- joguei na lata a frase na íntegra, tal qual aquele personagem do programa Zorra Total que repete tudo igualzinho o que o outro fala.Qual o seu nome completo?Ela perguntou.Antonio Carlos Alves de Souza- fui logo dizendo.Ela não pestanejou e foi direto no armário do arquivo e tirou uma ficha com um cartão da Mesbla, lindo cartão, onde eu podia ver uma série de numerações e também o meu lindo nome estampado:ANTONIO CARLOS DA ALVES DE SOUZA.Assina aqui, aqui embaixo e aqui também, por favor, ela disse mostrando aquele sorriso de destreza, rapidez, entusiasmo e gentileza.Olhei pra ela com o cartão na mão e falei sorrindo: "Poxa! obrigado! isso é que é eficiência.Saí descendo as escadas segurando aquele fácil cartão e fiquei a perguntar para os meus botões, por que será que ela nem me indagou sobre data de nascimento, nome de pai e mãe e endereço? Bem, o Nei deve ter agilizado tudo, e fui às compras.

As crianças queriam brinquedos, é lógico, comprei algumas roupas e a mulher também .Saímos com três ou quatro sacolas, felizes da vida.Procurei, mas não encontrei, o Nei, meu grande amigo, para agradecer, mas a loja estava muito cheia.Um belo dia eu estava a questionar este episódio e resolvi de comum acordo com a opinião da mulher em dar um pulinho na Mesbla, que ficava bem no centro da cidade.

Em chegando lá, fui direto ao setor de cartões e quando a pessoa que me atendeu puxou a ficha com o meu nome, todas as outras informações não batiam.Tratava-se de um homônimo.O mesmo nome, com naturalidade diferente, endereço, nome dos pais,tudo enfim.Ele amazonense e eu carioca de pai paraibano.Logo em casa entrei em contato por telefone com o meu outro Antonio e resolvi tranquilamente aquele incidente, pagando as faturas e deixando tudo em pratos limpos.Isso porque sou honesto.Mas vejam vocês:

Foi o Nei quem mandou.

*Este é um conto real; qualquer outra semelhança é mera coincidência.O nome da loja foi trocado.