Olhar
Sentei em uma janela só para observar outros olhares como aquele que havia recebido no dia anterior, e quem sabe sentir de novo aquele sentimento.
Passou-se alguns pontos e eu vi na rua parada em uma esquina aquele homem do ônibus, que novamente me olhou, e eu sem conseguir desviar meu olhar fiquei paralisada. Paixão a primeira vista, dei sinal e desci no primeiro ponto ali adiante, e caminhei cerca de 35 metros até avista-lo. Era uma ilusão minha, um devaneio, pois quem me garantiria que aquele homem me daria alguma bola, ali naquela avenida comercial barulhenta e cheia de gente?
Mas a cada passo uma certeza de que ali se iniciaria um grande amor aconteceria, senti meu coraçao acelerar, pois meu coração nesse instante já estava na boca. Faltava cerca de 10 metros e ele ainda não tinha me visto, estava impaciente ali na esquina, esperando alguém parecia, e eu seguindo lentamente para que ele me visse chegar.
A três metros daquela belo exemplar masculino, já podia sentir seu cheiro contrastando com a fumaça e a gordura que dominavam o ar, um cheiro tão saboroso que não consegui mais me conter e quando me preparei para falar “oi”, uma mulher surgiu e o beijou na boca.
Fim de jogo, fim da ilusão. Não que eu tenha ficado triste, ao contrario, aqueles seis minutos foram os mais grandiosos dos últimos dias, seis minutos de uma curta paixão, cheia de altos e baixos, acertos e desacertos, encontros e desencontros.
Não que eu esperasse um final feliz, mas construir pequenas estórias de amor em meio a um povo que perdeu a muito esse sentimento, é um tanto quanto legal.
Sinceros olhares são raros, não há como desperdiçar o que já fez valer a pena.