cotidiano.
Todos se mantiveram presos numa jaula. Isso mesmo. Mantiveram-se. Estavam lá pela própria vontade. Quiseram estar lá. Queriam estar lá. O calor deixara de ser latente e manifestara-se na sua forma mais pura e pungente. O calor lá de fora deixava parte deles com inveja. “Ao menos o vento batia”. No centro da jaula, o domador. Domadora. Com seu discurso desgastado e seu chicote implícito, sugava a energia daqueles que a escutavam. Lá fora, no paraíso, aves estranhas e bonitas voavam livremente no ar. Um macaquinho repousava no galho de uma árvore. Cutias lindas e livres circulavam pelas redondezas. Meu olhar ateve-se a isso. Quão bela era a liberdade deles. No interior da jaula, tensão oculta. Gestos meticulosamente calculados. Sorrisos convenientes. Amizades forjadas no interesse e na cobiça. Amizades. (risos). Agulhas em um palheiro. Aos poucos, encontrava minhas agulhas e as separava dos pregos tetânicos. As cutias caminhavam juntas. Que beleza. Como são independentes. Como são desobrigadas. Que espontâneas. Que sublime.