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Envolto por uma multidão sem fim, não pôde deixar de pensar no tamanho da esperança de pessoas que, mesmo diante da desvantagem inicial, não paravam de cantar, como se pudessem entrar em campo. Perceberia mais tarde que a torcida rubro negra podia, sim, alcançar o gramado e ficou orgulhoso de ser parte daquela nação que durante 90 minutos grita ao mundo inteiro sua paixão.
Tirar uma vantagem de dois gols em uma final é algo difícil e ele insistia em ser pessimista, embora parecesse o único a ter dúvida de como terminaria aquela tarde no maior do mundo.
Mas já havia sido conquistado pela multidão quando, aos vinte minutos o juiz (e a torcida) marcam um pênalti. Ele só olha para cima e agradece quando ouve a torcida. O drama diminuíra era preciso apenas mais um, porém o empate do adversário ao final do primeiro tempo traria uma mistura da esperança renovada e o velho pessimismo.
Não canta no intervalo, apenas espera, como se procurasse entender tudo que acontecia, mas é interrompido pela torcida quando seu time entra em campo novamente. Passam-se apenas 8 minutos para que ele comemore, dessa vez de olho no campo como se conduzisse a bola com olhar. Um baixinho sobe para cabecear e uma nova explosão acontece.
Céu e inferno estão sempre muito próximos em um jogo de futebol e, à medida que o tempo passava, sentia-se cansado e distante do céu, mas olhou para o lado e sorriu embora o passar dos minutos lhe sufocasse.
Os minutos corriam e sem poder controlar o tempo decidiu não olhar o relógio, já não podia se mexer e segurava sua camisa quando três minutos antes do fim seu time tem uma falta na entrada da área.
Há muito não escutava mais nada, enquanto a bola viajava, chutada por um sérvio que usava a 10 e antes que pudesse ter certeza, alguém lhe abraçara. Quis dizer para si mesmo: ganhamos.....mas não era apenas o gol ou a vitória. Preferiu continuar cantando enquanto as lágrimas secavam.