ACORDA AMOR!

John seguia apressado, estava decidido se encontrasse com Joana saberia o que lhe dizer, não tinha mais ensaio era confessar o desejo sem meias palavras.

Da última vez que conversara com ela em um ambiente neutro, uma casa de uma amiga comum, fez ela uma abordagem meio enigmática querendo sugerir que poderiam... John entendeu o comentário dela sobre sua indagação como um desafio. Seguiu a pequena vereda do quintal dando pequenos saltos com malabarismo ao tocar o solo na sequência pé direito e em seguida com o pé esquerdo chegou até o portão abriu-o e ao sair antes de fechá-lo olhou para o espaço percorrido e vislumbrou-se com o contraste entre o verde das plantas e o chão de barro avermelhado.

John estava tenso tinha tempo preciso para descobrir as ruas que deveria seguir para dar acesso à casa de Joana. Já Era noite, o sol tinha ido por completo, seu coração começava a pulsar agitado, ele sabia que não poderia deixar seu pensamento fluir negativamente dando a raciocinar que de repente estaria em território novo e para onde tentasse pedir ajuda estaria com pessoas estranhas. Tentava atenuar essa concatenação imaginando que poderia aparecer subitamente alguém que o conhecesse e então tudo ficaria em paz... Acalmar-se-ia e para não ser notado que estava em situação de ansiedade, pediria que a pessoa lhe acompanhasse até a casa de Joana e que depois a levaria de volta ao seu destino na companhia dela, mas aí estava à raiz da dificuldade por ele sendo vivida, provavelmente não apareceria ninguém com essa condição em território alheio. A verdade é que diante de um efeito incondicional, acentuava-se o pavor em seu sistema nervoso, o pânico crescera tinha forma, sua expressão já não é era mais a mesma, seu andar já não mantinha cadência, ainda sentia que havia uma remota disposição para correr e retornar para o local de partida, onde tudo começara como marco zero e que admitia que pudesse ser uma forma de estancar toda a dificuldade, olhava atônito em sua volta e observava os transeuntes, e fazia uma comparação: "eles estão aptos, normais e eu tão frágil." Mas apesar das limitações, conseguia resistir antes de chegar ao desespero, e a última possibilidade arrancando-a a força de seu íntimo, conseguiu executar, se aproximou de um pobre homem que parecia não saber ao menos que estava sendo abordado, mesmo assim pediu-lhe ajuda ao interesse da rua que procurava e que trazia escrito em uma pequena agenda que conduzia em mãos, aquele pobre homem não entendeu sua solicitação e apontou para outro cidadão, sugerindo que fosse até ele, mas ao se aproximar da pessoa indicada, percebeu que provavelmente deveria ser irmão gêmeo ou miragem do próprio que acabara de interpelar e que andava tão absorto quanto o outro, e então se deu conta que estava em meio a uma crise. Não tinha percepção para recorrer a quem de fato pudesse ajudá-lo, ali naquela área se aproximar de alguém era insistir para o caminho do desespero, porque carecia de uma pessoa conhecida, e ali só havia estranhos. Pensava em nomes de ruas, mas estava tudo cinzento, aquela situação, “Meus Deus não pode ser verdade chegou a minha hora!" Ele tão ateu pensou em rezar, e se ater a minúscula condição de fé que sua vida naquele momento necessitava, aproximar de uma crença para afastar-se do medo... O coração mantinha um ritmo acelerado o ar para respirar já começava a ficar raro, o cérebro funcionava no desespero, olhou a placa da rua que avistou e conseguiu ler sem dedução lógica era uma sequência de palavras em si sem contexto, não associada a nome de Rua – Dr. Rufino da Costa. No desespero procurou uns jovens sentados em um banco de uma pequena praça, arriscou-se a perguntar pela rua que conseguia mostrar o nome da mesma escrito na agenda, e na ânsia também queria saber se havia nas proximidades um chafariz que era referência para encontrar a rua de destino que almejava, seu raciocínio estava à base de reflexo. Os jovens, três rapazes e duas moças que tinham mochilas colocadas ao chão da praça, exceto a do jovem a quem ele se dirigiu que tinha a sua presa as costas, questionando-o com muita ansiedade... O jovem fez-se de rogado e ironizou seu pedido de ajuda a localização da rua, comentando aos outros do grupo que ali estava: “um andarilho desbundado, ” que deveria sofrer para salvar sua alma e o ameaçou com um gesto de violência. Aquela situação vexatória lhe tirou do desespero fez com que a humilhação o trouxesse o sentimento de ira e então ele conseguiu o estado de razão mental outra vez, o seu ímpeto então foi de responder a ameaça ao ajuste de contas, do gênero “quem é você seu rato de praça”, mas estava feliz porque aquele rapaz insolente e antissocial havia lhe curado do mal que passara há pouco e que agora ia seguir seu caminho desfiando as ruas e seguindo o mapa em sua agenda, e fez de conta com todos eles que foi só um mal entendido e seguiu percurso... Alinhou-se a calçada de um muro cinza andou mais determinado, imaginou que o rapaz viesse a lhe enfrentar, armou os punhos e seguia pensando: “Me ajudou mas não vou baixar a guarda”.

John seguia sentindo-se seguro, porém mantinha estado de alerta, pois receava que se não conseguisse aproximar-se do destino poderia ter novo surto de crise... Ele já se auto diagnosticava aquilo era síndrome de pânico... Não tinha como voltar atrás era buscar socorro mais rápido possível, e como estava sem telefone celular para desanuviar, abrandar, lamentava-se pela irresponsabilidade do esquecimento para um trajeto de risco. Intencionou correr, pois se não aparecesse nenhuma pista: o chafariz, a Rua Padre Emanuel Rego... Pensava que o melhor seria voltar de onde partiu da padaria próxima a sua casa, pois entendia que quando tinha uma crise haviam os limites territoriais aqueles que lhe davam paz, então concluiu "é isso, se não for por aqui desabo com crise ou sem crise." Mas surpreendentemente avistou o chafariz a sua frente e leu a placa no alto do muro onde havia uma clínica médica "Rua Padre Emanuel Rego", já estava respirando aliviado, quando avistou Lupa a cachorrinha de Joana, a essa altura só era serenidade, mas uma surpresa desagradável o põe novamente em alerta, um Pit Bull seguira Lupa e a segurou no pescoço e sacudiu-a longe caindo já morta. John então sentiu um novo surto e entrou em desespero. O Pit Bull acompanhou o desfalecimento de Lupa em seguida olhou para John e partiu para cima dele, ele quis reagir, porém uma câimbra o pegara, não conseguia um só movimento, mas sua cabeça pensava com toda a força de defesa em jogar a agenda no focinho do animal para ao menos retardar o ataque aterrorizador, estava sem chance...

John estava diante de uma briga pessoal a respiração estava falhando e ao mesmo tempo não conseguia se mover tentava esticar o braço para alcançar a panturrilha onde à câimbra lhe transtornava e nada conseguia mover de seu corpo, estava incapacitado de qualquer movimento. Não havia jeito, então pensou em apelar, gritar desesperadamente e o pensamento na última esperança pedindo perdão a natureza da criação sobre tudo que houvesse feito de injusto e que o levasse ao que fosse de direito. Conseguia ouvir muito longe o som de campainha, que aos poucos se tornava mais forte e finalmente consegue de forma brusca mover-se e perceber sua panturrilha enrijecida, consegue após alguns segundos sentar-se e finalmente escuta pisadas. Levantou-se da cama e foi andando capengando até a porta da sala. Olhou através do olho mágico e percebeu que era Joana e Lupa. Abriu à porta, Lupa entrou na frente com alegria e cheirando todo o ambiente. Joana segurou as mãos dele fitou John e disse:

"O que está havendo? Você está com um ar de sobressaltado, e suas mãos estão geladas".

"Gostaria também de saber, se é possível passar mal psicologicamente dormindo e ainda ter um ataque de pânico!?"

"Ah John! Coisas da vida."

Lupa passou correndo sentindo que havia liberdade para explorar terreno, pois a dona dela estava concentrada em algo mais importante.

Omar Botelho
Enviado por Omar Botelho em 16/05/2011
Reeditado em 03/07/2014
Código do texto: T2974345
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.