Putas poetas?

É noite, estou sentado num bar. Um bar de uma boate qualquer. A música é estonteante, o cheiro de álcool e de cigarros mistura-se em uma violenta droga. As pessoas a minha volta dançam e clamam por um olhar. Os homens olham-me como se fosse uma puta qualquer. As mulheres como se fosse uma puta exuberante e, por isso, uma rival. O clima era sugestivo para um poema. Pedi uma dose pura de uísque e ao senhor da esquerda, fogo para o cigarro. Fumei na mesma intensidade que amava: um amor ao passo da estrada. E o trago, verdadeiramente, era mais prazeroso. Não pela nicotina, mas por ser ele o único que aceitava uma puta poeta. Mas como digo sempre: o mundo é uma eterna noite espanhola. Ela é quente e ‘caliente’, ele é quente e sexualmente ativo. Mas o mundo diferencia na medida em que conhecemos mais as pessoas. Passamos a chamá-la de putas, pelo simples fato de acharmos que uma puta é puta. Quem disse? Ser puta da noite é diferente de ser mulher? Só que isso não interessa, pois não quero falar da minha ‘putisse’ ou da ausência dela. Eu quero fazer, e não sei se farei um poema. Mas existem poemas e poesias. Os poemas são feitos por pessoas. As poesias, por poetas. Ambos? Ambos são memórias de uma puta. Porque todo poeta e toda pessoa são putas.

Eu sou puta da noite, cismo solitária.

Alguns são putas do dia, outras da tarde.

Há também as de noite e as putas de nascença.

Há putas que são putos.

Há putas que acham o príncipe e há putas que acham outras putas.

Há putas mães e mães putas.

Nunca vi, mas dizem que há velhas putas.

E se há velhas, há novas putas.

Há as que nasceram putas,

As que se fizeram putas e as que por sorte do destino,

Cabendo aqui a ironia de uma puta no meio de um bar,

Foram feitas putas.

Temos também as putas garçonetes e as garçonetes putas:

Todas iguais, nunca vi diferença.

Mas e agora? O cigarro está acabando, mais um trago, acabou. O uísque já no ultimo gole, dado, acabou. E agora? E o meu poema? Bom, já que o Senhor ao lado já se decidiu e quer um completo, vou deixar o poema para outro dia, já que afinal, sempre haverá um novo amanhã...

“Ser puta não é fazer sexo por dinheiro, mas sim ganhar dinheiro por fazer-lo”

"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"

Le Vay
Enviado por Le Vay em 23/04/2011
Código do texto: T2925814
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