A Segunda Queda - Capítulo 4

Os pestinhas te acordaram com suas bagunças, as mães cantando no tanque, o martelar do martelo, o radio e suas musicas e o ronco do seu estomago. O senhor levantou, massageou a barriga para a dor da fome passar, relembrou dos detalhes da noite logo encontrariam o corpo da mulher Margarida Gonzáles um nome familiar para o senhor, mas não recorda como. O senhor vai sair encontrar qualquer coisa para comer. Destrancou a porta, abriu o trinco, retirou a madeira da porta e saiu. O dia estava de sol ardente, as mulheres assustadas disfarçaram e olharam-no, viram o senhor arrastar a perna e sair do bairro para o centro não passou pelo caminho do lago e nem passaria o senhor tinha seus motivos e demoradamente chegou ao centro da cidade na avenida principal e invernos atrás no feriado nacional houve um desfile militar na qual se transformou numa batalha. O senhor lembra que a avenida estava lotada de pessoas e inimigos contra o governo foi uma ação rápida e de surpresa, homens armados saíram no meio da multidão e

Gritando começaram a disparar no jipe onde o senhor encontrava-se com sua mãezinha querida dona Catarina. O motorista foi alvejado e o senhor com sua querida mãezinha deitaram no banco, as balas passando num assobio por cima das suas cabeças com motorista baleado o jipe desgovernou e entrou no meio da multidão atropelando alguns deles. Um pandemônio se sucedeu, a Guarda de Honra disparava contra o inimigo e civis sendo que as balas atingiam mais os civis do que o inimigo. Pediram mais Guarda de Honra e a avenida virou um campo de batalha e a multidão assustada corria sem direção em desordem muitos foram pisoteados, atingidos por balas perdidas e o senhor e sua mãezinha querida dona Catarina escondidos dentro do jipe escutando o pandemônio, histeria dos disparos e da massa desesperadora correndo da morte. O senhor e sua mãezinha querida foram avisados de que podiam sair uma hora depois do confronto. Ao saírem à avenida estava preenchida de corpos e feridos e o senhor limpou seu casaco branco que sujou falando quatro palavrões. Resultado: Quarenta mortos e vinte feridos incluindo civis e seguranças da Guarda de Honra além dos poucos terroristas, os restantes fugiram em automóveis preparados para fuga. O senhor ficou furioso queria saber quem eram os terroristas o chefe da Guarda de Honra não soube responder e aconselhou sua querida mãezinha e o senhor a não saírem da sua casa. No mesmo dia entrou em rede nacional pedindo desculpas para os familiares dos civis falecidos que seriam indenizados e que os criminosos seriam procurados e punidos. Os que escaparam da batalha confirmaram as escondidas que os disparos foram feitos pelo lado da Guarda de Honra. A investigação durou dois meses e o senhor e sua mãezinha querida permaneceram refugiados dentro de casa. Soube que uma organização chamada Amanhã Livre foi à causadora do atentado, era uma organização militar bem treinada e que foi criada para defender o país do senhor. O chefe da Guarda de Honra declarou que era impossível encontrá-los só descobriu o nome da organização de um informante secreto, mas não possuía condições para uma investigação mais apurada e o senhor teria que pedir favor para terceiros e o senhor era orgulhoso e pensando disse para sua mãezinha querida: “Eu não queria envolvê-los, queria que ficassem no seu lugar cuidando do petróleo, mas não tenho outra solução, preciso encontrar esses terroristas antes que ferem a senhora.”“ Precisam ajudar ainda nos deve e por sinal demos livre acesso chame-os hoje explique os problemas e situação.” “Será a segunda vez que pediremos favor deles e eles cobram caro mãe, não quero estar nas mãos deles e nem devendo.” “Dê o que eles pedirem, liberem o que querem fazer. Filho precisamos nos defender desses merdas e nessa maneira não encontro outra opção.

À noite num jantar especial um representante do país estrangeiro compareceu, o senhor relatou o que sucedeu, porém o visitante sabia do fato e o senhor mais uma vez pediu o favor que aceitaram e em vinte e quatro horas a organização Amanhã Livre foi localizada o senhor convocou sua Guarda de Honra e como lobo feroz desmantelou a base executando os membros da organização. Mais tarde em rede nacional disse para a população que a organização foi encontrada e punida, no entanto o senhor não contou que pediu favor para o país estrangeiro. No pagamento, o país estrangeiro exigiu a posse das usinas hidrelétricas a segunda fonte de riqueza do país e o senhor viu forçado a aceitar.

O senhor estava preocupado o país estrangeiro tinha as riquezas do país e o senhor temia que a qualquer dia, mês e hora o arrancariam do poder. O senhor tremeu, entregar de mão beijada as duas fontes de riquezas foi um erro, só que o senhor precisava de ajuda e como não eram bobos pediram o petróleo e as usinas.

Como ajudaram no golpe facilmente tomariam seu cargo na presidência. O senhor reconhecia que a possibilidade poderia realizar e precisou tomar serias medidas.

Sozinho com sua mãezinha querida dona Catarina falou da situação.

“O país estrangeiro manda no país mãe.” “Se pensarmos desse modo, sim.” “Demos o país de graça para eles.” “E o que temos com isso, você é presidente.” “Errado mãe, detalhadamente eu não governo o país, tomei essa verdade agora, são eles que governam o país, não é o petróleo e as usinas hidrelétricas, olhe nas ruas, no país, há somente produtos deles, o povo está consumindo seus produtos. Roupas, comidas, necessidades.”

Dona Catarina andou até a janela e balançando os ombros disse: “Ora, o país gosta das coisas que eles fabricam.” “Não é bem assim mãe, estamos nas mãos deles e logo me arrancarão da presidência.”

Dona Catarina voltou e disse: “Eles não teriam coragem, não seriam bestas, será que não o conhecem?” “A senhora não entendeu, eles possuem poderio que podem nos pegar num estalar de dedos, me botaram na presidência porque viram que sou marionete. A culpa é nossa demos o Nosso país de mão beijada pra eles.” “Sou a culpada, eu arrumei a aliança do golpe em Manuel Fernandez, coloquei-os em nosso país e agora estamos perdidos. Filho, não tome medidas precipitadas, não utilize a Guarda de Honra contra eles.” “Seu filho não é burro mãe, farei de uma maneira que sairão correndo e aí não esquecerão de que sou capaz e que sou o verdadeiro presidente deste país. Mas tudo no seu tempo mãe, não corra antes da hora.”

E o senhor esperou o momento certo de agir, fechou os olhos para os negócios que o país estrangeiro realizava, logo não havia produtos nacionais no mercado e o senhor estava dentro de uma crise econômica, o produto estrangeiro dominou o país e o consumo deles era para fortalecer o país estrangeiro, não havia como disfarçar, estava exposto, não adiantava tapar o sol com a peneira e o senhor viu outro protesto, novas organizações nasceram e ameaças ressurgiram. O senhor desativou alguns protestos, mas o povo, aquele que o apoiava começava a não acreditar nas suas palavras e no seu governo. O país estava nas mãos dos estrangeiros gritavam nas ruas e o senhor teve que engolir e manteve pacificamente sua normalidade, no entanto o povo poderia se rebelar.

“Um povo rebelado é a pior arma contra o seu governante.”

Disse a frase para sua querida mãezinha no jantar.

Havia o colapso e a enorme crise nem a campanha pão, café e leite estavam obtendo resultados, o país estava nas mãos dos estrangeiros.

Mais confrontos com os rebeldes e a Guarda de Honra resolvendo. E o senhor foi duro com qualquer individuo sendo ela homem ou mulher, o senhor temia que a panela fosse estourar e o chefe da Guarda de Honra, seus ministros que o país era uma bomba relógio. Seus ministros e secretários aconselharam entregar o cargo ou criasse um vice, já que não havia nenhum. O senhor não era homem de fugir, iria até o fim e enfrentaria um batalhão para defender o que era seu e no quarto da sua mãezinha querida dona Catarina o senhor bravejava: “Bando de maricas, mariconas, estou no meio de incompetentes. Não entregarei o que é meu, eu sou o presidente.” “Está demorando essa crise, há revoltas logo o país todo ficará contra você filho.” “A pior arma é o povo rebelando mãe, eu disse isso, a minoria não afeta esses posso controlá-los.” “Age rápido filho, a panela vai estourar.”

Foi o aviso da sua mãezinha no dia seguinte o senhor decretou seu plano e rede nacional num esclarecimento à nação mostrando uma imagem assustada e apavorada e chorando declarou que um plano dos estrangeiros estava sendo preparado para assassiná-lo, e que não demoraria acontecer, pois recebeu ameaças e que novas eleições aconteceriam para eleger um presidente estrangeiro. O senhor convocou o povo a sair nas ruas para protestar e pedir a expulsão dos estrangeiros e proteger seu presidente. O plano foi jogado e não demorou para o povo sair as ruas e gritarem fora país estrangeiro. Houve tumulto nas portas dos comércios estrangeiros, os produtos eram jogados nas ruas e queimados, lojas pedrejadas, uma tentativa de linchamento, o senhor ficou em silencio assistindo a confusão não deixou que a Guarda de Honra interferisse então seus secretários e ministros não aprovando sua atitude alegaram que era um risco agir dessa forma contra o país estrangeiro, forma de traição e que o senhor estava na presidência por causa do país estrangeiro. O senhor se enfureceu e chamou o chefe da Guarda de Honra e ordenou que prendessem seus secretários e ministros e falou que faz o que quer até mesmo botar pra fora o país estrangeiro e que ninguém diz que ele fez ou agiu de forma errada. Secretamente os ministros e secretários foram executados e enterrados, seus familiares discretamente exilados.

No dia seguinte homens do governo do país estrangeiro visitaram-no, o senhor disse que o problema estava perigando para o seu lado. Mas aconteceu um imprevisto, o senhor foi disfarçadamente ameaçado, porém a ameaça foi levada a sério e o senhor chamou sua Guarda de Honra que entraram apontando suas armas. Os estrangeiros se assustaram e o senhor disse que podia mandar a Guarda de Honra atirar neles ali mesmo. Os estrangeiros saíram enfurecidos e inconformados e o senhor deu quarenta e oito horas para os estrangeiros deixassem o país ou tomaria medidas violentas. Com o povo exigindo a retirada do país estrangeiro eles não tiveram escolha, tiveram que correr e fugir as pressas deixando fabricas e comércios abandonados em menos de quarenta e oito horas não havia estrangeiros no país e o senhor em rede nacional pronunciou que o povo libertou-se da influencia estrangeira e que adiante caminharia para dias melhores que não largaria o povo. Uma semana depois sua mãezinha querida dona Catarina realizou um novo desfile na avenida principal para o povo saudá-lo e não existiram imprevistos, protestos, atentados e terroristas, o desfile ocorreu com alegria, às bandeirinhas com sua efígie balançando, o seu nome sendo ovacionado e o senhor todo de branco em pé no jipe militar com o peito estufado, o semblante brilhante desfilava e nenhuma pessoa apagaria essa felicidade. O senhor tinha o povo do seu lado.

Dez invernos depois o senhor está na mesma avenida de longa barba branca, a perna doida e procurando alguma coisa para afugentar a fome, o país nas mãos de um estrangeiro e o senhor irreconhecível, não lembram do senhor é uma pessoa estranha. O senhor vai à feira e anda na direção dos latões de lixo procurar fruta ou legumes, no entanto seis pessoas vasculhavam nos quatro latões, o senhor cheio de si entrou no meio deles nem pediu licença, invadiu o espaço e encontrando uma banana pegou-a para comer, foi impedido. As seis pessoas protestaram ordenando que o senhor largasse a banana e que não pertencia ao grupo deles.

“Merda nenhuma vai mandar em mim. E eu mando em todos seus merdas, sou o presidente e faço o que quero, portanto caiam fora este lugar agora é meu.”

O senhor ficou de costas e voltou a procurar mais coisas, neste grupo de seis pessoas encontravam-se dois brutamontes e um deles o puxou pela sua camisa e socou fazendo o senhor cair em cima do latão e o outro pegou pelo colarinho e o ergueu, sua boca saia sangue e o senhor ficou assustado, o brutamonte virou o senhor de ponta cabeça e o colocou no outro latão. O grupo riu, deixando o senhor e eles foram satisfeito com o resultado e rindo da cara do senhor. E o senhor remexia-se no latão, remexeu tanto que o latão caiu e rolou, o senhor levantou com a roupa suja, o cabelo e a barba também e reclamou: “Vocês não podiam ter feito isso comigo seus merdas, eu mando no lugar, nos latões, na feira, eu...”

O senhor cancelou a reclamação, quem passava via um homem maluco e descontrolado, coitado dele, mas a maioria perguntava: “Quem é esse homem?” o senhor se limpou, a banana que encontrou estava no chão, o senhor pegou, descascou e comeu, não tinha vontade de procurar mais, perdeu a fome, voltou para o bairro, para o seu quartinho, para o seu colchão fino e velho e dormiu. Lá fora os pestinhas jogam futebol, as mães no tanque cantam, o martelo no prego, o radio e suas estações e o senhor pertencendo a este mundo e o mundo não te pertence nem o país.

(Continua)

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 01/03/2011
Código do texto: T2822275
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