DESCULPE, ESTOU EM ÊXTASE.

Hoje me deparei com uma situação um tanto incomum. Fui passear no domingo após meu aniversário pelo Parque da Cidade, aqui em Brasília onde moro. Primeiro cheguei cedo por volta das 11h da manhã e tentei fazer uma caminhada, mas o bom senso disse que era melhor deixar para mais tarde quando o sol não castigasse tanto. Ao desistir desejei sair da pista de caminhada e ciclismo que tem no parque para as pessoas e comecei a andar por entre as árvores para me recostar e ler. Com minha mochilinha nas costas com livro, caderno de anotação, câmera, caneta eu me dirigi a uma mangueira, vi que não tina frutos, então, pensei ali é ideal não haverá frutas maduras quase podre pelo chão e nem frutas maduras para cair em minha cabeça. Mas ao chegar perto vi um bichinho, subindo na mangueira, fiquei quase estática e devagar peguei a câmera. Mas já era tarde o bicho sumiu na copa. E como eu não desisto fácil fiquei procurando, olhava a copa pra vê se achava. Quando o vi comecei tirar fotos, ainda bem que minha câmera tem lente de alcance e pude tirar varias do então gambá de orelha branca. O gambazinho quase nem se mexia, mas se virava para e lente, até pensei que fazia pose. Mas na verdade ele estava assustado com a minha presença tão próxima. Ao perceber isto resolvi deixar de lado a idéia de ficar naquela árvore, já que tinham tantas. Não queria perturbar mais o gambá era direito dele estar ali e eu apenas uma mera visitante.

Então voltei ao carro e peguei meus apetrechos de leitura em baixo de uma árvore. Escolhi uma bem próxima ao carro já que tinha trazido água e frutas. Se sentisse fome já que não tinha tomado um café como devia. Fiquei ali por volta de umas 3 horas entre lendo um livro do Osho, meditando ou lendo um livro de piadas políticas que ganhei de natal. E nisto de entrar em sintonia com o universo e rir as horas foram passando, o corpo começou a doer. Levantei-me me espreguicei, fiz um belo alongamento e decidi que já estava na hora de caminhar. Guardei as coisas no carro peguei uma maçã e comi. Dirigi a pista de caminhada e no meio do caminho começou a chover, parei em um lugar ao longo da pista onde ficam os banheiros e vi que o segurança ficou me olhando e senti que estava me seguindo com o olhar e sorriso maroto. Fiquei me achado, mas verifiquei se eu não estava com a roupa estranha ao sair do ponto de vista do guardinha, pois tenho 42 anos e não sou assim uma beldade de corpo para chamar atenção. Bem eu estava linda, na minha opinião. E acho que com a vibração de felicidade que eu estava de estar ali, me sentindo livre. É eu estava linda mesmo. Voltei ao carro para esperar o chuvisco passar, caminhar com aquela blusa molhada, não dava, estava sem sutiã e o verde limão da blusa chamava demais atenção. Então percebi o porque dos olhares languidos do tal segurança. Esperei a chuva passar e peguei minha câmera e fui para uma jardim que costumava ir ali perto do bar Pirraça. Tinha parado meu carro naquele estacionamento, pois era menos movimentado no domingo.

Quando cheguei onde anos atrás eu costumava ir com meu primeiro namorado o qual se tornou meu marido. Fiquei chateada com a situação do jardim, destruído, com vestígio de seres humanos sem educação que deixa seus dejetos e seus lixos. Envergonhei-me de humana e brasiliense, como dizem por aqui candanga.

Andando por este caos me lembrei que a vinte anos antes eu passeava por ali e tinha um lindo jardim com espelhos d’águas, carpas. Mas hoje estava tudo horrível e sem cuidado.

Minhas emoções da época eram diferentes das de hoje. Percebi que o caos que estava ao meu redor não estava dentro de mim como anteriormente. Quando caminhava ali com meu então namorado eu me sentia insegura quanto ao futuro, desejava ter um futuro com uma família, filhos. Estava noiva naquele momento, mas não entendia a minha grande angustia na alma. Hoje diferente eu estava serena, apesar de três casamentos fracassados e nenhum filho eu estava bem, plena. O caos estava apenas no exterior eu estava em perfeito equilíbrio. Lágrimas correram sob minha face e percebi que tinha me tornado uma mulher incrível e não era mais a menina insegura, complexada com o corpo. Mas mesmo com os meus 42 anos e acima do peso convencionado pela sociedade, já que eu me acho perfeita. Nutria a alegria de uma criança. Estava realmente feliz. Não sei se as dores e alegrias ao longo dos últimos 22 anos me forjaram, só sei que me tornei a mulher mais amada do universo. Eu me amo incondicionalmente. Se só amada por alguém? Creio que sim, mas não preciso ser amada para me amar e me valorizar. A iluminação que o “Osho” descreve eu senti hoje. Não tenho tudo que quero emocionalmente, mas sou tudo que quero emocionalmente e isto me basta.

Hoje estava só naquele lugar, mas não estava solitária. Andar por espaços destruídos e me sentir inteira não há sensação melhor. Aquele jardim precisava de cuidados, proteção como eu precisava há vinte anos. E não fui protegida por ninguém, quase me tornei um jardim sem flores, sem sonhos, sem confiar na Vida, uma morta viva querendo não existir. Hoje me dei conta que não preciso de alguém que cuide de mim, que me proteja como aquele jardim do parque da cidade. Eu aprendi que o melhor cuidado era feito por mim mesma que eu me protegia. Veja as matas elas por si se mantém e são lindas até que a mão do homem vem e as consomem para terem seus lucros e bens materiais.

Eu aprendi a me cuidar, me proteger. Hoje sou feliz, plena, sou linda, sou luz, sou o sol, sou Deus.

Não quero sair deste estado, me deparei com o caos externo e me vi linda, minha alma é linda, meu ser é uno com a Vida.

Estou em êxtase!

Amei o caos, amei o jardim como ele está, me amei como eu sou.

Não preciso de mais nada. Eu tenho a mim.

Desculpe!

Mas não preciso do mundo.

I’m happy, very happy!!!

Estou plena e realizada.

Fatinha Yoursun

Domingo, 27/02/2011. 19:27

Yoursun
Enviado por Yoursun em 27/02/2011
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