A Perseguição
– Parado vagabundo! – Sua voz soou como um trovão. O meliante não lhe deu ouvidos. Meteu-se num beco e correu. Brito mergulho atrás dele. O IAPI era um lugar difícil para se movimentar: vielas, becos sem saída, ruas estreitas. Além do mais, os bandidos contavam com a conivência da maioria da população. A vagabundagem rolava solta. Uma denúncia anônima vez com que sua patrulha averigua-se uma ocorrência de tráfico. O safado era magro e ligeiro, contudo, Brito era bem preparado. Malhava diariamente 2 horas por dia na academia do pelotão, nadava, corria, era uma máquina. Olhos verdes, cabelos negros um pouco crespos, mas bem cuidados. Uma pele cabo verde brilhante. Era o modelo do batalhão. As mulheres suspiravam por ele. – Hum! – Ai! Aí! – Quem homem! – Ahhhh! – Nunca se atrasava; nunca dizia não ao capitão; nunca perdia um vagabundo.
O fugitivo olhava para traz: Brito mantinha certa distancia, gostava deste tipo de pega-pega. Viraram à esquerda. Agora à direita. Brito excitava-se; adorava esse jogo de gato e rato. O safado era ligeiro. Brito paciente. Sabia da sua superioridade, conhecia sua resistência. Estava curtindo cada instante; cada segundo. Podia agarrá-lo quando quisesse. Entraram numa porta aberta. Atravessaram a sala de estar de um barraco, saindo pela cozinha. Uma loira oxigenada de pernas roliças e peitos à mostra suspirou. Como ela gostaria que aquele homem freqüentasse sua cama – Ei gostoso! Meu nome é Zuzu, pode voltar que lhe dou água fresquinha, e tudo o mais que desejar viu! – Desse a criatura acariciando sua genitália, suspirando e gemendo mais uma fez. – Hummm! Que delícia! – Novamente à direita. Outra vez à esquerda. Agora uma reta um pouco mais ampla. A visão panorâmica e treinada do policial logo viu o ponto final para esta brincadeira. Ele observou que uma casa com quintal fazia um L com uma rua mais larga. Enquanto o mulato seguiu direto e virou à direita, Brito cortou caminho pelo quintal, aproveitando os blocos de construção que formavam uma escada e, ao chegar ao topo, atirou-se no cangote do fujão. Brito havia calculado bem a força necessária para o impulso, pois caíram num terreno que estava sendo preparado para uma nova construção. Os corpos rolaram no chão. Era isso que Brito desejava: sentir-se unido ao corpo daquele mulato suado; sentir seu cheiro... Demorou o tempo necessário para saborear a caçada. E agora saboreava o prêmio. Brito agarrou firme o meliante por traz. Deliciava-se enquanto o marginal se debatia na tentativa de escapulir. Roçava seu corpo no dele. Gemia o traficante. Gemia internamente Brito. O êxtase após a caça. O prazer de ter a presa em suas garras. É uma pena não poder levá-la para sua cama. – Huummm!
A. D. M. Leão – 07/02/2011