A CRIANÇA
Era uma tarde chuvosa como todas as outra nessa semana, estava em meu carro retornando de mais um monótono dia no escritório, parei no sinal tão absorto nas MINHAS preocupações que não dava conta de que debaixo daquela chuva estava entre os carros um ser tão minúsculo e magro que a primeira vista pensei que fosse um cão, mas, mais arpofundado na minha visão vi, meu Deus, eu vi que era uma criança que com a coragem de um adulto enfrentava a chuva, os carros, tudo, a pedir esmolas para seu sustento ou o quer que fosse.
O sinal do outro lado ficava amarelo e ela não chegava perto do meu carro para que eu pudesse lhe dar algum trocado, ficara vermelho o outro sinal já o que me bloqueava (em partes, pois a criança já estava a me deixar parado ali mais que próprio sinal) iria ficar verde, então ela bateu em meu vidro, mas, o sinal esverdeou e eu quase que com raízes ali tive que seguir a minha rotina, mas, prometi a mim mesmo, amanhã eu venho aqui e lhe dou algo a comer, vestir, algum trocado, qualquer coisa.
No outro dia apenas estava debaixo daquele viaduto não uma criança,
mas, todo encharcado da chuva que durara toda uma madrugada, apenas um cadáver, tão inóspito de espírito quanto aqueles motoristas que ali passavam a toda velocidade e sequer olhava para aquela pequena ex-criatura que se encontrava sob papelões tão molhados quanto ela.
Se um dia em eu carro você estiver reclamando da sua monotonia, e vier uma mão triste, magra, faminta bater-lhe ao vidro não resmungues apenas lhe ofereça mais um dia de vida, e quem sabe um futuro, veja em cada criança um pouco da imagem dessa criança fictícia citada nesse conto, não queira ter sobre sua consciência esse peso irreal do meu personagem.
OBS: Qualquer semelhança com a realidade é mera coinscidência.
MARCOS DSM