Cigarro, Whisky e Noite

Outra noite caminhava pela rua, tarde da noite. Era só eu, meu cigarro e meu whisky. Um pouco de mim saia com cada trago. Um pouco tentava ficar em cada gole. Outro tanto se perdia pelas ruas escuras e lubrificadas. Era uma eterna caminhada. E só via a luz dos postes.

Um carro ou outro ou uma moto passavam apressados. Mas quem notaria um homem por aqui? Tragando seu whisky e bebendo seu cigarro.

Seria tão romântico falar que havia um som ao longe e que a Lua brilhava, mas só havia o silencio da noite e o breu das estrelas.

Havia uma ou outra puta. Um ou outro homem pobre. Uma ou outra travesti. E havia eu. Mas na verdade não havia porra nenhuma.

Havia só a fumaça de outro cigarro e o resto do whisky que ainda posso beber.

Sou jornalista, trabalho por ali, umas ruas acima, sou solteiro e não tenho família. Vivo de escrever a história das putas da Lapa paulistana. Algumas tantas vezes mais transamos que falamos. Na maioria eu crio uma história triste e um pouco de lubrificante. Outras, eu falo a verdade.

Sou um homem atraente, mas nunca amei. Não por falta de amor, mas por falta de amar. Amei em nada, mas o amor que tenho é o mesmo que o palhaço tem quando ouve: Bravo!

Eu sou um velho conhecido daqui. Velho de vivência, mas não de idade, só tenho 29. Fumo há 10. Bebo há quatro. Escrevo há oito. Transo há 14. Penso há dez minutos.

Parei um pouco para sentar. O cigarro acabou e este fora o meu último trago. O whisky acabou a tempos. A minha vontade de voltar a casa perdeu-se por entre as ruas da Lapa.

Agora só me restava uma puta e uma boa noite...

"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"

Le Vay
Enviado por Le Vay em 19/01/2011
Código do texto: T2739536
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