A DAMA QUE NÃO PODIA SURTAR....
Vou contar a história de uma dama, que se casou
aos dezessete anos, há 46 anos, época em que nem
se sabia o sentido de um casamento. Cheia de sonhos
como toda menina-moça que aprendeu a obedecer, a
nunca questionar seus desejos, por ser uma época onde
lugar de mulher era cuidar da casa , ser a Rainha do Lar.
Até hoje essa dama não sabe se escolheu o marido ou se
outros escolheram. Em sua memória sempre vem a frase...
são cinco mulheres em casa, se desperdiçar pretendente
de boa família, corre o risco de ficar para titia. Era terrível
ser a encalhada da família, esse pavor pesou muito na idéia
da mocinha. O escolhido, de família tradicional, tinha uma
certa fama de ciumento, possessivo, violento, eram esses
os comentários das tias que o conheciam desde criança.
A dama achava graça pois o namorado era romãntico, muito
apaixonado, a vigiava até de longe. Para a jovem uma
qualidade grande do amado...cuidar dela. Antes que a moça
completasse 15 anos, o belo namorado, tira a medida do dedo
anular da amada, sem nada dizer. Era tão lindo para a jovem
o eterno silêncio do rapaz, as decisões tomadas sem fazer
alarde, o olhar irônico. A dama via nesse comportamento um
pouco estranho, um amor de dar inveja, de protetor e amigo.
Nos momentos de namoro, não havia diálogo ele só a olhava
envolvendo seus ombros, segurando suas mãos, a dominando
por completo. A dama se sentia uma deusa, e pensava...onde
vou encontrar um marido melhor, minha família tem razão ele
é perfeito. Durante a fase de namoro, a menina estudava em
Brasília, morava em casa de tios. Coincidência estranha a tia
paterna da moça era casada com um tio do rapaz. Ela muito
criança foi se envolvendo com os boleros dançados com ele,
com a paixão revelada em promessas quase mudas. Quando
sua mãe soube que as alianças estavam prontas, entrou em
pânico. Como? casar com uma adolescente, feia , nariguda e
pobre. O sonho da sogra era que os filhos se casassem com
as primas ricas da família., e a dama era filha de um simples
sapateiro e uma professora do interior. Fazer o que ? quando
o filho resolvia ninguém o demovia. Marcaram o noivado para
o dia em que a moça completasse 17 anos, e o casamento
para o ano seguinte. A menina desabrochava se tornando em
moça de pele claríssima, olhos castanhos e cabelos negros.
Foi difícil compor o enxoval para os pais, mas tudo ia fruindo.
O noivo se mostrava impetuoso e bom com a família da noiva.
Conquistou toda a família.
SANTOMÉ