Novas sensações
Sente-se um rumor estranho no ar. Emanuela acaba de entrar na sala. Um escritório bastante amplo para o resto das salas, tem uma vista enorme sobre a cidade de Lisboa, onde se vê o Castelo de S. Jorge. A reunião começa ás 8.30 horas, mas como sempre chega cedo demais e não encontra ninguém. Vai contornando a mesa e verificando se está tudo em ordem. Se todos os intervenientes têm papel liso, canetas e toda a documentação necessária para a reunião sobre o investimento a fazer ou não no Algarve. Um empreendimento turístico na zona de Lagos.
Está um dia de Primavera lindo, corre uma suave brisa e as pessoas andam com aquele sorriso na cara, como se a vida corresse de feição e onde os problemas estão fechados a sete chaves. Olhando pela janela Emanuela repara no trânsito que está e apercebe-se que a reunião não vai mesmo começar a horas. Como a vista tanto da janela como da sala não lhe é agradável, decide ir até ao seu pequeno recanto, liga o computador e entra numa sala de chat, daqueles sites onde estão sempre pessoas em linha para qualquer tipo de conversa. Ultimamente, desde a separação do Rodrigo, este tipo de entretenimento era uma constante. Entra numa sala de conversação onde começa um diálogo pouco interessante com a “ Louraça_Bombástica”. De repente, após uma gargalhada a uma resposta menos usual da louraça, repara que está ser observada.
- Ah! Bom dia, Francisco!
- Estás aqui…Bom dia. Andei por todas as salas à tua procura de alguém. Desculpa o atraso, mas o trânsito hoje está de doidos. Deve ser por causa do futebol de logo à noite, e já sabes como é, todos trouxeram carro para o trabalho. Chegou mais alguém?
- Ainda não. - O corpo ainda estava húmido, tocado e o coração saltava que nem uma bomba relógio Meus Deus! - Pensa para si. Ainda não esqueci? – Tinham passado poucas horas desde o seu último encontro. A noite passada tinha sido mais um devaneio dos dois e mágica. Tinha trazido consigo novas sensações, que nunca tinha sentido. Mais um deslize dos dois e novas esperanças para ela.
Após um breve momento de silêncio, onde o Francisco ia falar, entra o chefe, o Dr. Aldino.
Com o passar dos minutos enquanto Emanuela e Francisco trocavam olhares, o resto da equipa ia chegando. Cada um sentava-se na cadeira habitual, a troca de olhares era tão intensa que o resto das pessoas começaram a rir. Foi ai que eles acordaram do que quer que lhes tenha adormecido a mente. Acabaram por esboçar um sorriso.
A reunião estava a ser dura, a empresa estava a investir muito dinheiro neste empreendimento e as novas pesquisas de mercado não estavam a ser favoráveis à zona do Algarve escolhida. Após várias deliberações, foram escolhidas as pessoas que a empresa achava serem essenciais para o projecto ter futuro, o Francisco e a Emanuela. As reacções de ambos foram de surpresa e ao mesmo tempo de excitação. Era bastante promissor para as carreiras de ambos. Emanuela apercebeu-se no mesmo instante, que o ser bom para a carreira podia não ser bom para a relação. – Será que o Francisco pensou o mesmo? - Disse para si própria.
Enquanto se dirige para o seu escritório, que fica no fundo daquele corredor, vai olhando para trás a ver se o Francisco já tinha saído da sala de reuniões. Apesar de estar aborrecida com a situação de não saber como vai ficar toda a história existente entre os dois, pensa positivo e diz para si mesma que vai correr tudo bem e apenas precisam de ter uma conversa séria sobre o assunto.
Emanuela gostava muito de viajar, conhecer novas gentes e lugares, um prazer que partilhava em comum com o Francisco. Talvez isso ajudasse. – Pensou para si.
- Quem sabe se até não irá resultar! - Desta vez pensou alto.
Sem reparar em quem vinha atrás, ouviu uma voz a sussurrar no seu ouvido.
- E porque não?