HORA DA SAUDADE
-Nith, que saudade!
-Nossa, Nazinha, há quanto tempo que não te vejo!
-Você foi a melhor vizinha que já tive, sabia? Eu não me esqueço de você.
-Nossos filhos brincavam juntos, lembra-se?
-Claro que me lembro! E você entrava pela madrugada adentro, costurando para fora. Escutávamos o barulhinho da máquina e ficávamos com peninha de você.
-Nazinha, foi um tempo bom, aquele em que fomos vizinhas, não é?
-É deveras. Lá se foram cinqüenta anos, minha amiga.
Outro dia mesmo, falei de você para o meu caçula. Disse-lhe que você foi uma costureira de mão cheia e que fazia croché muito bem.
-Ainda faço.
-Pois é... Mas ele não se lembrou de você, Nith.
-Como é o nome dele?
-José Wilson.
-Tem razão! Ele nasceu depois que eu me mudei de lá, uai!