SOZINHO
A casa ganhou vida com nossos risos, brindávamos e brincávamos e não víamos a hora passar, relembrávamos momentos passados, pois cada um foi para seu lado ,mas o tempo tratou de nos reencontrar;
Fiquei feliz em ver todos novamente; senti que minha vida mudara de uma hora para outra;
Todos esses meus amigos surgiram do nada; num clarão de luz simplesmente voltaram, de um passado longínquo ou de uma historia para outra.
Para eles eram apenas lembranças, mas com essa aparição me trouxeram esperança de não morrer sozinho, a míngua.
Conversamos sobre suas vidas, sobre o que faziam e o que deixavam de fazer, éramos 4 velhos aposentados, aqueles que um dia viveram juntos,lado a lado e que pensávamos que nem com o tempo a amizade iria perecer;
Depois de muita conversa, falei-lhes minha realidade, como vivi sozinho, como depois de muito tempo desaprendi o que era o carinho, e que com o tempo apenas conheci a fundo algo chamado: sofrer;
Eles ficaram comovidos com tudo isso, e prometeram sempre me visitar, “somos velhos amigos de guerra” disseram eles e que nunca iriam me abandonar, pois eles sentiam saudades e que sempre queriam conservar aquela amizade que o tempo tratou de afastar;
o velho sorriu, e com um esforço tentou segurar o choro,uma lagrima rolou no seu rosto cansado,sentiu sumir o seu corpo enfadado enquanto a lagrima descia de seu olho.
Naquele momento a sala parecia mais clara, surgia uma luz naquele velho casarão; mas ao piscar de olhos ele não conseguia acreditar que tudo iria mudar,seus amigos se foram com aquela luz que espantava a escuridão.
Ele correu e gritou por todos os cantos, a única voz que conseguiu escutar foi o eco, começou a chorar desesperado, pois todos aqueles que haviam sua vida marcado simplesmente desapareceram.
Percebeu que tinha criado uma ilusão, sonhara que realmente tinha amigos, mas sua verdadeira companheira: a solidão, teria lhes dado o melhor castigo, a desilusão de não ter realmente amigos.
(Felipe Correia)