Continho

Nordestina arretada. 40 anos. Morena. Muito extrovertida. Tinha encontrado o homem da sua vida.

Numa festa regada a muito forró e a cachaça, lá foi ela um dia. Foi para divertir-se e nada mais. Despreocupada. Mas o destino a rondava, estava com ela, prontinho para lhe aplicar um golpe fatal. Iria pregar-lhe uma peça. Iria enlaçá-la e abraçá-la para sempre: um grande amor lhe seria apresentado e nunca mais esquecido.

Quando abriu os olhos amendoados, enevoados, estava ela numa cama. Ao seu lado, o seu homem, aquele que o destino lhe colocara em seu caminho, naquela festa certeira e decisiva.

__ Onde estou? __ perguntou ela zonza, zonza.

__ Na minha cama, na minha casa, na minha vida __ disse o homem.

__ Como vim parar aqui?

__ O destino a trouxe aqui.

__ Quero ir embora.

__ Você tem duas saídas: a da porta da casa ou a do coração. Escolha. __ Disse ele, fitando-a bem dentro daqueles olhos amendoados – agora brilhantes e vivos.

__ Fico. __ Disse a mulher, sem saber ao certo o que estava dizendo.

Resposta definitiva. Destino. Amor. Certeza. Vida plena. Felicidade. Para sempre. Eterna.