cotidiano
Beijou sua esposa, brincou com o cachorro e sorriu pela ultima vez,
Saiu pela porta simples, ela ringiu, ele prometeu em mente que iria concertar,
Não consertou.
Entrou no carro e esquentou o motor, lembrou que tinha que olhar o óleo, deixou pra depois, ou nunca mais;
Morreria às três e meia.
Sorriu pra o vizinho, passou e prometeu devolver a chave de fenda, aquela que pediu emprestado há um mês, mas sempre tinha coisas mais importantes a se fazer, refletia: “ele não precisa, se precisa-se procurava-o”;
Nunca mais devolverá.
Chegou ao trabalho com sorriso estampado, aquela felicidade de sempre, cumprimentou os amigos, relembrou a cerveja da semana passada, combinou outra para o final de semana,
Ele não irá aparecer;
Trabalhou, mas continuava feliz, gostava do que fazia; esperava ficar velhinho e visitar os novatos que tomariam conta de sua vaga e sonhava em simplesmente rir de tudo isso,
Falar-lhes como o tempo passava rápido e dizer-lhes que ontem mesmo era ele quem administrava aquela mesa;
Mas ele não terá tempo para isso, morrerá.
Seu Horário de almoço atrasou, pensou em voltar para casa, mas não daria tempo de cumprir as obrigações, ligou para a esposa, disse-lhes que não almoçaria em casa, ela entendeu,
Disse que iria o esperar na casa de sua mãe,
mas nunca soube que não iria escutá-lo mais;
disse o ultimo “eu te amo” e despediu.
Desligou; Eram três e meia.