Encontros III
Cochichos, risinhos, olhares! Assim que chegou, provocou todos.
O sol escaldante da tarde de sábado, não a intimidou. O cardápio também não.
Afinal, estava muito quente para uma feijoada. Serviu-se de uma caipirinha, sentou-se perto do grupo de pagode, ficou à vontade. Alguns, menos educados, colocaram óculos escuros. Ela percebeu, mas não ligou. Junto com a caipirinha, comia uns torresminhos que o aniversariante lhe trouxera.
O mais novo amigo do aniversariante estava deslocado até então. Novo na cidade, aceitara o simpático convite na expectativa de conhecer pessoas. Viera transferido há uma semana. Tudo era absolutamente novo! Tímido, tentava sorrir e cumprimentar todos.
No íntimo, ela estava constrangida, mas não daria o braço a torcer. Arrependera-se de ter colocado o vestido, os sapatos, os acessórios. Exagerara. O amigo a convida para dançar. Ela adora pagode! Dá um show! As más línguas fingem que não veem.
Um raio de sol! Linda! Perfeita! “Que mulher é essa?” Pela primeira vez sente-se realmente animado na festa. Cria coragem e pede ao amigo que os apresente.
- Este é o Paulo. Ele veio do sul. Foi transferido para a filial daqui.
- Muito prazer! Carolina. Também trabalho na fábrica.
Como ele ainda não a tinha visto? Tudo bem que no trabalho ela não se vestisse desse jeito, mas mesmo assim...
A festa continua. Os comentários agora são outros. Já tem gente querendo aderir à moda do vestido godê amarelo-ovo, combinado com colar e brincos amarelos, sapatos e bolsa de verniz vermelho.
Ninguém sabe e ela não vai contar. Sonhara com aquele visual há meses. Achara-o ridículo. Mandara fazer a roupa. Até a costureira estranhou. Seguira sua intuição. Estava feito! Agora tinha um par para sempre!