A MAGIA DA LUA CHEIA
Em algum canto deste imenso planeta azul chamado terra, onde a água é abundante e o sol traz a luz que tanto corrobora para a realização e proliferação da vida, tanto animal quanto vegetal. Perdido nos confins do mundo, num recanto longe da agitação e modernismo desengonçado da cidade, lugar onde tudo parece estar nos seus devidos lugares. A natureza contada em prosas e cantada em versos, traz a linguagem do homem simples do campo, a magia do sobrenatural. Aquele luar tão amedrontador dos velhos contos de terror, tem aqui na roça a simbologia do amor, da paz, da tranqüilidade e da harmonia entre o concreto e o abstrato. A vida do sertanejo humilde e acolhedor, ao mesmo tempo em que aparenta o sentido de perca, de tristeza e solidão, que não se torna realidade neste mundo perdido, encravado na imensidão, mostrando como que camuflada pela ignorância do homem culto, a maior riqueza que é viver em plena liberdade, viver a cada instante e de uma maneira profunda e constante o momento oportuno da vida, dando assim o verdadeiro sentido a sua existência. Contradições estas que mostram a grandiosidade e a riqueza deste nosso país de dimensões continentais.
Neste ermo de meu Deus parece difícil acontecer uma grande história de amor, porem enganam aqueles que desta forma pensam, uma senhora já na meia idade, quase balzaquiana viveu seu grande amor com toda intensidade, hoje mãe de seis filhos, parece não ter visto o tempo passar, aturdido nos cuidados com as crianças e com o marido, se passaram os anos e resta a saudade dos bons tempos vividos na roça, desde a juventude, o namoro sentados num rústico banco de madeira a porta da sala, o então namorado, hoje esposo, a contemplar o céu estrelado, de vez em quando vêem cair uma estrela cadente:
______ Olha meu bem você viu o que eu vi?
______ Sim querido! Uma estrela cadente....Não, não mostre com o dedo, pode dá azar.... Faça um pedido.
E nesse lengalenga, ficavam no namorico sempre monitorado pelo pai que lá na sala observava tudo, não dando tréguas as libertinagens, e quanto ao adiantado da hora, um simples pigarro do velho era suficiente para avisar que o tempo havia esgotado, com jeito eles se despediam, ele tomava seu rumo e ela entrava para dentro de casa, namoro sério tinha que ser assim. Ahh! Bons tempos aqueles, hoje o corre-corre do compromisso, dos cuidados com as crianças, das preocupações com os serviços, os trabalhos na pequena propriedade e até mesmo as fenômenos atmosféricos, a estiagem prolongada, as tempestades, chuvas de granizo, geada entre outros fenômenos metrológicos acabam interferindo no relacionamento, tiram o sossego e a paz e assim vão aos poucos deixando rompantes românticos da mocidade cada dia mais distante, arquivados nalgum lugar do passado
Finalmente naquele início de noite havia enfim terminado a árdua tarefa de dona de casa, os filhos já estavam dormindo e como é o costume ir cedo para cama, também o esposo e ela foram para seus aposentos, se preparando para o merecido repouso, ela se dirige a janela e vê um pouco acima da linha do horizonte a tão encantada lua cheia clareando o céu e alumiando com sua luz prateada a imensidão da terra, fascinada diante de tão belo espetáculo da natureza movida pela magia do luar, veio-lhe a mente os momentos romântico de um passado não muito distante, quanto em noite como essas ouvia do homem amado elogios comparando sua beleza a da indescritível beleza daquele luar “Veja a linda lua minha querida que veio realçar ainda mais a sua beleza nesta noite”, e se sentia mulher, teve saudades deste romantismo que as preocupações e os compromissos lhes roubara neste anos, enfim não se contendo chamou carinhosamente o esposo:
_______ Meu bem vem vê, que quié aquilo?
Perguntou ela na tentativa de obter do esposo os elogios que a muito já não ouvia. Ele levantou foi até a janela, olhou para o céu e perguntou num monologo sonolento.
_______ Aonde?
_______ OH meu Bem? Não esta vendo, ali no céu.
_______ Ahh! ocê tá caducando muié? Num tá vendo que é a lua cheia sua boba!
Ele cansado da lida, voltou para a cama e ela decepcionada silenciou seu coração, fechou a janela e foi se deitar, pois o outro dia de labuta começava as cinco horas da manhã com a ordenha das vacas.