veludo
veludo era meu cachorro vira-lata,
veludo brincava, sabia dançar forró,
fazia mil e uma estrepolia, mordia
um dia alguém jogou uma pedra em veludo
ele ficou todo aleijado, queria morrer
ficava no meio da rua para ser atropelado
e não sei quantas vezes conseguiu...
um dia, na semana santa, subimos a serra
e veludo com toda dificuldade nos acompanhou
quando retornamos pra casa, veludo estava bom
havia curado por completo, acho que foi milagre
tudo corria bem, ele voltou a brincar, a dançar.
um belo dia foi ao meu quarto, me acordou
acordou meu pai, minha mãe e meu irmão
depois deitou no chão da cozinha, adoeceu
morreu naquele mesmo dia, envenenado.
nunca me esqueci do veludo era um companheiro
depois dele, bem, conheci garotos da rua
fediam como o veludo, eram engraçados,
brincalhões, viciados, ladrões...