HUMILDE LIÇÃO DE VIDA

Joaquim Elias era um senhor de idade, um matuto da roça, não sabia ler e nem escrever e alguns chegavam ate zombar dele, visto seu palavreado caipira, seu jeito matuto e suas deduções as vezes equivocadas de assuntos contemporâneos. Modéstia à parte, eu porem gostava de prosear com ele pois a bem da verdade, no meu ponto de vista, ele era uma pessoa de uma sabedoria incrível vindo da convivência com as coisa simples da roça e isso me impressiona e dou valor até os dias de hoje.

Certo dia encontrei Joaquim na rua de nossa pequena e pacata cidade, era um domingo e ele vinha da missa que não perdia de jeito nenhum, o cumprimentei, ele logo parou, demonstrando que não estava com pressa e como eu também não tinha compromisso nenhum, ferremos no papo ali mesmo na calçada.

As cidades pequenas do interior tem uma características diferente das grandes metrópoles, conhecemos quase todas as pessoas e quase todas as pessoas nos conhecem. Momentos depois eis que aparece outro velho conhecido nosso, O Sebastião Carpinteiro, carinhosamente conhecido por Tião, ele vem de cabeça baixa e vai passando por nós sem nos cumprimentar. O matuto achando que aquilo era um tanto estranho visto o laço de amizade que tínhamos, já ralhou com o homem:

_______ Ei Tião, num cumprimenta mais os amigos! Como vai?

O homem com que por instante deixa seus pensamentos que pareciam vagar ao léu, olhou de rabo de olho para nós e resmungou quase que por instinto:

_______ Quaaah! Vô mais ou menos.

Passou por nós e seguiu seu caminho apressado, parecendo não estar naqueles dias de graça. Joaquim balançou a cabeça negativamente em sinal de desaprovação. Eu comentei que talvez ele estivesse com algum problema sério, pois não é uma pessoa assim, o que Joaquim concordou porem ponderou:

________ Pode sê, mas nunca nóis pode dizê que vamos mais ou menos.

Percebi então que Joaquim questionara não a conduta de Tião de passar por nós de cabeça baixa, mas resposta que dera quando Joaquim o cumprimentou e antes mesmo de perguntar por que, ele completou.

________ Sempre devemos dizê: na graça di Deus, vou bem. Mesmo que tamos passano por dificurdade, se tamos aqui vivos é por graça do criadô.

Esta prosa aconteceu a mais de trinta anos e nunca esqueci do jeito simples de Joaquim, questionar o homem apressado, tanto que questionou também a mim que hoje, “Graças a Deus” quero compatilhar o ensinamento com o leitor deste texto.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 21/03/2010
Código do texto: T2151187