Quinta da Boa Vista
Os gramados da Quinta eram bem cuidados e seus lagos tinham água não poluída; gostava de passear na gruta dos peixes, que suponho não mais existir, pois, em nosso pais, nada do que presta é preservado! O museu com sua magnífica sessão de mineralogia, múmias e tantas outras curiosidades científicas, que as goteiras e o desleixo fizeram com que permanecesse fechado durante um longo tempo. Gostava de correr pelos gramados e jogar futebol nas áreas permitidas; em fins de semana era passeio para o dia inteiro, principalmente com o jardim zoológico bem cuidado e agradável de conhecer. No meu curso científico comparecia uma vez por semana, onde o Prof. Vitor Stawiarsky dava aulas de anatomia em peças conservadas de cadáver e orientação sexual aos adolescentes; diga-se de passagem, aulas perfeitamente dispensáveis... Depois de casado e com filhos, não deixava de freqüentá-la, para que as crianças pudessem usufruir a mesma sensação de espaço e natureza que a Quinta proporcionava; muitas vezes, eu ficava estudando à sombra das árvores, enquanto eles se acabavam de tanto correr; ainda havia os barcos de remo e os pedalinhos, que faziam a delícia da garotada; dizem que à noite a quinta se transformava num grande bordel, freqüentado por gregos e troianos; não se ouvia falar em assalto, nem em crimes que pudessem ter acontecido em seus recantos. Hoje, parece um risco ir à Quinta, mesmo de carro, porque a polícia genial do Rio de Janeiro, instalou junto a ela um depósito de presos, que de vez em quando fogem causando medo à população. Quando freqüentei o CPOR tinha as aulas nas manhãs da Quinta, o que servia para amenizar os rigores do curso; era um verdadeiro prêmio ter-se instrução militar naquele imenso jardim.