Fumaça
Ela chora durante todas as noites, madrugadas a fora.
Nem sabe o que se passa!
Murmúrios no quarto ao lado, gemidos abafados.
O que é mesmo que se passa?
O sono chega, já quase amanhece. Acorda, levanta, se lava e pensa, em frente ao espelho tateia as cicatrizes com o dedo, uma por uma, cada uma com sua historia.
Saindo do quarto para cozinha, ao passar pelo quarto do lado vê a porta ainda fechada a chaves.
Um café puro, forte e quente, parte para a jornada, pelo caminho placas, pessoas, passos, fumaças e vozes.
Acende o primeiro do dia, o maço já esta pela metade, sol quente, óculos escuros, isqueiro cromado.
Fumaça, mais um trago, fumaça, é bem mais fácil assim. Já são quase oito. Estacionamento vazio. Mais um trago e se esvai a fumaça.
Ainda é cedo, quanto tempo lhe falta?
Quanto tempo já se passa?
Todas as noites são iguais, logo manhãs idênticas. Mais um cigarro, o que se tem a perder?
O que se foi perdido em meio a tantos cigarros e garrafas de tequila?
Dá partida, 100, 140, 160km/h... o que se tem a perder?
180km/h pouco demais? O que se tem a perder?
Oito e cinco 200km/h não faz diferença, 220km/h, tudo se embaça, rápido demais, ultrapassagens, tolos demais, arriscado demais, cedo demais.
Perdido, o que se tinha a perder?
A noite não á artomentará mais, no seu lugar o inferno e fumaça!