Fumaça

Ela chora durante todas as noites, madrugadas a fora.

Nem sabe o que se passa!

Murmúrios no quarto ao lado, gemidos abafados.

O que é mesmo que se passa?

O sono chega, já quase amanhece. Acorda, levanta, se lava e pensa, em frente ao espelho tateia as cicatrizes com o dedo, uma por uma, cada uma com sua historia.

Saindo do quarto para cozinha, ao passar pelo quarto do lado vê a porta ainda fechada a chaves.

Um café puro, forte e quente, parte para a jornada, pelo caminho placas, pessoas, passos, fumaças e vozes.

Acende o primeiro do dia, o maço já esta pela metade, sol quente, óculos escuros, isqueiro cromado.

Fumaça, mais um trago, fumaça, é bem mais fácil assim. Já são quase oito. Estacionamento vazio. Mais um trago e se esvai a fumaça.

Ainda é cedo, quanto tempo lhe falta?

Quanto tempo já se passa?

Todas as noites são iguais, logo manhãs idênticas. Mais um cigarro, o que se tem a perder?

O que se foi perdido em meio a tantos cigarros e garrafas de tequila?

Dá partida, 100, 140, 160km/h... o que se tem a perder?

180km/h pouco demais? O que se tem a perder?

Oito e cinco 200km/h não faz diferença, 220km/h, tudo se embaça, rápido demais, ultrapassagens, tolos demais, arriscado demais, cedo demais.

Perdido, o que se tinha a perder?

A noite não á artomentará mais, no seu lugar o inferno e fumaça!

Paula Rodrigues (Coka)
Enviado por Paula Rodrigues (Coka) em 07/01/2010
Reeditado em 07/01/2010
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