CORAGEM.
CORAGEM.
(Zésouza)
Naquele mundo de JACOBINA na BAHIA, ele jovem e forte ia enfrentando a seca com paciência e astucia. Bom vaqueiro. Foi na vaquejada, desviou dum pau e bateu no umbuzeiro, caiu ele e cavalo. Quebrou braço, perna e bacia. Mulher e cinco filhos pequenos. Vaqueiro que não monta não...O que São Paulo oferece a um sertanejo, analfabeto e aleijado?
Da estação PAUS SECOS no Trem da Grota até Bonfim. De Bonfim a Salvador e de Salvador a São Paulo no Trem Baiano...Moço é chão...Nasce o dia e sai de Salvador e tarde da noite chega em Iramaia, e tem quem vende comida e tem quem vende agua...
E sai de Iramaia e é gado que já foi gente...Desconforto, gente amontoada, fome, sede pobreza e tarde da noite chega em Licínio de Almeida. E dormem amontoados dentro do trem imundo e fedorento. Criança chora, velha geme, velho tosse...
Cinqüenta horas de sacudidelas e tá em Monte Azul nas Minas Gerais e ainda tem é chão...
Tá com oito anos que faz essa viagem, os meninos já tão ficando grandes e prometendo que ele já vai parar.
Estação do Norte; é São Paulo, o corpo dói a alma sofre. Enfia as luvas de couro que ele mesmo fez. Com dificuldade desembarca. Anda de gatinhas, segue para o VIADUTO DO CHÁ. Ali passa quatro cinco meses esmolando. Frio, chuva, calor, medo, humilhações, dorme debaixo da marquise, o dinheiro guarda dentro da roupa...Um dia ele volta de quatro pés ( gatinhando) até a Estação do Norte...
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