O mundo da muitas voltas
A igreja estava arrumada,
O padre estava em seu lugar...
O bolo carinhosamente posto em um lugar de destaque.
A noiva a caminho.
E o noivo...
Bem, o noivo estava pensando...
Pesou que estava fazendo uma loucura.
Que não a amava como deveria, e que talvez estivesse não só arruinando sua vida como a dela também.
Pesou nas inúmeras vezes que a traiu, e de como foi bom e de como não se arrepende de nenhuma, nem mesmo da menina que mal trocou 2 ou 3 palavras se quer antes de tê-la em sua cama, para depois disso despedir-se com um tchau e nunca mais.
Lembrou de seus amigos, todos curtindo a liberdade, a alegria de serem solteiros e jovens.
Ele tremia suas mãos não paravam nem por um segundo.
Afrouxou a gravata, estava nítida a sua agonia.
De repente, toda aquela agitação...
A noiva!
A noiva havia chegado!
Pronto!
Era agora ou nunca.
Dizer não seria ainda mais ridículo que dizer que precisava de ar puro e sair antes que a noiva chegasse ate ao altar.
Criou coragem e fez o que de mais riduclo ele poderia ter feito, saiu correndo...
Fugiu!
Fugiu do amor.
Fugiu da infância.
Fugiu do futuro tranqüilo que teria ao lado de uma mulher dedicada, que lhe daria f3 ou 4 filhos e o esperaria na porta todos os dias e lhe tirraria os sapatos quando chegasse cansado do trabalho.
Fugia de um amor que talvez acabasse com o tempo, com a rotina...
Fugiu da menina que ele nem amava tanto e que havia traído centenas de vezes, mais que teria sido o amor de sua vida.
Ele pensou em tudo isso enquanto corria desesperado como uma “noiva em fuga”.
Ela chorou inconsoladamente por 2 semanas, não comeu, nem bebeu por quase um mês,
Perdeu 8 kg, já havia perdido amigas por ele e isso havia começado a doer. Não tinha ninguém que a chamasse para sair daquele cativeiro que criou em seu quarto.
Tinha vergonha da família, dos vizinhos, e do espelho.
Ele entrou para a aeronáutica.
Ela saiu do emprego, deixou de tingir os cabelos, e fez uma pequena viajem para o interior.
Ele viajou o mundo, conheceu muita gente, namorou umas 10 meninas em uma só semana. Curtiu a tão sonhada liberdade. Tinha valido muito a pena ter fugido do grande abismo no qual quase caiu.
Ela começou a sorrir novamente, fez alguns amigos voltou para a faculdade e encontrou um novo emprego, um melhor. De vez em quando se lembrava daquela dor, chorava, mais conseguia parar, enxugar e pensar em outras coisas.
Ele já havia namorado um pouco mais de 100, noivou com 2 e não casou com nenhuma.
Os amigos estavam todos com suas famílias, seus 2 ou 3 filhos e já não participavam mais das festinhas.
Ela namorou 2 carinhas mais não se apegou a nenhum. Fez inúmeros amigos e amigas, era conhecida na faculdade, desejada e tornou-se gerente da empresa na qual trabalhava.
Ele fez novos amigos, que também se casaram no momento oportuno para eles.
Sua vida começou a ficar monótona, sempre voando, sempre cumprindo ordens, sempre naquele mesmo roteiro de vagens, festas e farras.
Ela começou a namorar um rapaz pouco atraente, de poucas posses mais de muita inteligência. Ninguém dava mais de 2 meses por este namoro. Ela não parecia empolgada tampouco apaixonada. O tempo foi passando e quando ela viu já estava amando aquele rapaz tão sem brilho.
Ele estava completamente perdido, sem amigos, bebia todos os dias para esconder sua solidão.
Ela resolveu não casar na igreja mesmo o noivo fazendo questão, preferiu casar apenas no cartório, casou e a família cobrou o casamento na igreja, ate porque ela estava devendo isso a família, aos conhecidos, e ao mundo.
Ele cada vez mais infeliz, sentiu saudades de casa, da família, da menina que ele havia abandonado no altar.
Ela estava feliz, engravidou, tiveram gêmeos e todos os anos refaz os juramentos do casamento diante do pastor na igreja com toda a família e amigos.
Ele decidiu voltar. Encontrou sua mãe morta, seu pai com mal de alzheimer e sua casa para vender. Chorou se arrependeu de tudo que havia feito, sentiu falta de tudo que poderia ter tido.
Resolveu procurar por ela!
ela não queria, mais seu marido, movido por uma incompreensiva compaixão a pediu para que ouvisse aquele homem.
Ele pediu perdão, sabia que não havia volta, mais precisava de perdão.
Ela disse que já havia o perdoado e que ele seguisse sua via em paz.
Ele partiu, rumo ao que ele havia escolhido a 20 anos atrás, onde tudo era perfeito, e ele tinha todo o tempo do mundo para desfrutar. O nada que ele havia construído o dinheiro que ele nem tinha porque gastava tudo com bebida e mulheres. Conclui que não tinha nada e que havia um grande trabalho pela frente precisava plantar coisas boas para poder colher mais tarde, e tinha a consciência que não era coisa fácil.
Ela estava feliz, com um homem bom e bem sucedido, um homem que poderia ser ele se ele não tivesse fugido de seu destino. Ela compreendeu que era feliz e que poderia ser feliz de qualquer outra forma pois sempre foi o que ela havia plantado por todos esses anos.