Grace! Uma verídica história...

Grace! Uma verídica história...

(Theo Padilha)

Que tipo de insensatez levaria uma bela oeste-africana de vinte e dois anos renunciar a tudo. Até dividir uma fortuna de 6 milhões de reais?

Grace é o nome de nossa afro-descendente, Koneth o seu sobrenome. Atualmente ela vive em Dakar, cidade do Senegal num campo de refugiados.

Depois de assistir a morte de seus pais e um irmão, vítimas dos revolucionários daquela região africana, Grace conseguiu chegar a Dakar, levada por outros mercenários revoltosos. Pagou caro pelo transporte. Grace Koneth não segue a linha dos africanos pobres. Seu pai era médico, e filho de abastada família. Apesar de ter muito dinheiro essa família não podia desfrutar das regalias que todos os milionários fruem. Além de ter que servir ao sistema. O Doutor Ralph Koneth fazia o papel de um Dr. Jivago africano e junto com sua família não tinha a liberdade para os seus atos. E quando tentaram evadir-se daquela região foram surpreendidos e mortos. Aqueles fanáticos rebeldes não titubearam em sacrificar a família Koneth. Grace fingiu que estava morta, mas assim mesmo ainda levou dois tiros no abdome. A menina tinha 16 anos.

Assim começa essa história. Theo Padilha, nosso principal personagem, vivia navegando pela internet. Mas, já não mais se empolgava com os sensacionais correios eletrônicos de seus amigos. Acabou achando que a inforvia o havia afastado de muitas outras coisas boas que a vida lhe ofertava. Já não mais abria suas páginas de comunicação.

Um dia Theo começou a ler títulos de “e-mails” e apagar os conteúdos. Até que um deles lhe exigiu uma especial atenção. “Grace Koneth?”, quem será? – pensou por uns minutos. O seu computador já apresentava alguns tipos de vírus. Entretanto Theo nem ligou, e foi logo abrindo o curioso recado. Nele uma moça dizia que tinha visto o nome de Theo num site de escritores amadores e que gostara de seu perfil. Perguntando-lhe se gostaria de se comunicar com ela. E assim trocaram um punhado de “e-mails”. Theo queria ver até onde ia aquele contato. Já no segundo “e-mail”, Grace lhe mandou uma foto de corpo inteiro. Era uma afro-descendente muito bonita, como ela mesma se autodenominava. “An yvorean girl”. Uma ebúrnea menina. Ela só escrevia em inglês. E escrevia muito bem. Sua outra língua era o francês. E Theo, apesar de ter noções da anglo-saxônica escrita, ainda se batia nas traduções. E seu computador traduzia muito mal. Grace tinha vinte e dois anos. Alta, estilo Thaís Araújo, lindo rosto, perfeita.

“How are you today? hope you are fine, I am happy in your reply to my mail, It is a bit cold here in Dakar Senegal now. Darling as i told you about my condition in the camp, i really need someone with Godly heart who will help me and advice me on what to do. i don't have any relative now whom I can go to, all my relatives ran away during that crisis, the only person who take care of us is Reverend Peter Kings who is the pastor of (Christian Fellowship Church) here in the camp. He has been very kind to me since i came here”.

Aqui Grace diz que precisava de uma pessoa religiosa que a ouvisse e cuidasse de seus problemas. Ou que pelo menos a ajudasse sair daquela situação. Diz ainda que havia um pastor muito amável, mas ela preferia uma pessoa de outro país. Como o próprio banco lhe aconselhara. Grace tem computador manual. E é livre para enviar “e-mails” e se comunicar com o banco. Ela queria que Theo pedisse a transferência do dinheiro que o pai havia depositado na sua conta. Três milhões e novecentos mil dólares! Para isso mandou o endereço eletrônico do City Bank. Havia facilitado tudo para o seu internauta amigo. Theo apenas lhe mandaria alguns dólares para ela comprar a passagem aérea e sair de lá. E que posteriormente se encontrariam para que investissem o resto do fabuloso montante.

Theo estava muito bem casado. Gostava de sua companheira. Mas o fascínio maléfico do dinheiro e aquela cinematográfica aventura, juntos, acenavam para que encerrasse sua vida com chave de ouro. Ou com uma verde chave feita de dólares? Tanto fazia. Como já havia se separado muitas vezes, poderia experimentar outra. Passou vários dias pensando. Sonhou. Nunca tinha viajado de avião. Já havia lido muito sobre a África.

Dois dias depois resolveu fazer a transferência. O Banco do Brasil foi a casa escolhida. Oito dias depois havia na sua conta, a quantia de 4 milhões de dólares. Grace não imaginava que a quantia houvera crescido satisfatoriamente.

Imediatamente, Theo procurou o gerente, que era seu amigo, para saber da verdade.

− É verdade Fideli? - indagou com o extrato nas trêmulas mãos.

− Sim , Theo Padilha, o Senhor é um novo milionário desta a cidade!

O próprio nome do gerente confirmava a realidade do fato. Theo ruborizou todo o rosto.

− E agora. O que vou fazer?

O City Bank do Senegal comunicou imediatamente a retirada o dinheiro para a bela africana. E consequentemente ela enviou várias mensagens para Theo.

Theo chegou a Dakar às 9 horas daquela segunda-feira. Tomou um táxi e pediu para o motorista procurar a “Christian Fellowship Church”. Theo não gostou de Dakar. Aqueles micro-ônibus superlotados, o mar de turvas águas, a pobreza e a opulência daquela cidade se misturavam ao calor sufocante daquela manhã. Além disso, a saudade da esposa e o medo de não ser aceito pela nova amiga o deixaram pensativo por dois dias. Theo gostou muito do Reverendo King. Ele era também africano. E falava um inglês pausado que facilitava a sua compreensão.

Grace, quando chegou quarta-feira, despediu-se de suas amigas do acampamento, presenteou as mais chegadas com as poucas peças de roupas e brincos que possuía e foi para a Igreja se encontrar com o seu correspondente brasileiro. Estava livre.

Uma figura com um chale negro cobrindo a cabeça apareceu na porta da Igreja. Theo já a estava esperando.

− “Miss Grace”? – perguntou o brasileiro.

− “Yes. And you are Theo”?

Terminado o culto Grace e Theo correram para a melhor suíte do Hotel Dakar, que já os esperava com champanhe francês e música ambiente.

Joaquim Távora, 8 de novembro de 2009.

Copyright by Theo Padilha.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 08/11/2009
Reeditado em 11/11/2009
Código do texto: T1911465
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