Pessoas nervosas
Dr. Borges sempre teve jeito para falar com pessoas nervosas, tendo, muitas vezes, lhes prestado socorro. Lembro-me, que Dr. Pires Ferreira o chamou uma ocasião, para ver uma senhora no Engenho Novo; a paciente foi à casa da vizinha assistir na televisão o cantor português Francisco José, e não arredou mais o pé de frente da televisão; quando os vizinhos viram que ela estava catatônica, pediram socorro médico. Lá foi o doutor e após uma conversa com a pacientes, levou-a de braços dados para a residência, para alívio dos vizinhos.
De outra vez, na rua Gonzaga Bastos, um homem que colecionava moedas em garrafas de leite, vidros de boca larga, estava furioso e contido por 4 homens. Sendo chamado, Dr. Borges conseguiu resolver com facilidade o caso, sendo que, nesse último, demonstrou ser mais maluco do que o doente, mandando que o soltassem, e ficou trancado com ele. Foi uma surpresa geral, quando as coisas se acalmaram e verificaram que o médico estava jogando uma partida de bisca, sem baralho...Dr. Mario o chamava inúmeras vezes, na época em que qualquer crise fazia com que se internassem os doentes nervosos em hospícios e clínicas. Ele sempre resolvia o problema, conversando mansamente com o cliente, acalmando-o, e fazendo com que se sentisse normal...Eu mesmo, testemunhei alguns casos atendidos pelo médico, pois, na rua em que morei, houve uma sucessão de casos de surtos psicóticos... lugar onde até os bons eram meio loucos: Seu Pinheiro, Seu Alfredo e D. Pulú, sua esposa, Seu Camilo, o Tenente e o Coronel e, até o tio do Guariguazil, que era um negro com quase dois metros de altura, que de vez em quando ficava nu e conseguia subir nos postes da light... Lugar estranho, esse onde morávamos, que conseguiu com o passar dos anos caminhar pra trás...Que loucura! Mudei de lá a tempo! Do médico não mais tive notícias.