Pedaços de Papel

São tantas as minhas manias, uma delas que foi uma das primeiras, é escrever em pedaço de papel, batia a inspiração eu escrevia, seja no banheiro com papel higiênico, na cozinha com o papel que embrulha o pão, na rua com o papel que encontrava no chão, e assim com o que aparecia em minha frente no momento iluminado da insaciável loucura de minha mente. Esta mania me rendeu duas lindas historias verídicas e engraçadas.

Pelo fato de escrever em toda forma de papel, um dia minha mãe resolveu arrumar meu armário, ela achou que todos aqueles papeis eram lixo, jogou tudo fora, quando cheguei do colégio, abri o quarda-roupas e dei conta que lá dentro já não estava meus lúcidos escritos, pirei o cabeção extravasando um grande grito que quase trouxe um infarto ao meu coração. Fui para cozinha perguntar minha mãe, o que tinha acontecido com os papéis que estavam em meu armário, ela com a voz mais doce do mundo me disse: “lugar de lixo e no lixo". Coitada! ela não sabia, achou que todo aquele papel era lixo entre minhas roupas e bugigangas. Então eu perguntei com o tom desesperador: Poderia me dizer onde você colocou todo aquele lixo? Ela disse: Claro que sim, esta lá fora junto com os outros, pois hoje é terça, dia do lixeiro. Meus amigos, eu sai correndo como louco para rua, mais louco era eu abrindo todos os lixos para encontrar uma parte do meu coração, as pessoas na rua passavam e me olhavam, eu não estava nem ai para hora do Brasil, queria mesmo era encontrar meus escritos desenhado naqueles minúsculos manuscritos. Já se passaram dez anos e ainda estou com eles no armário, minha mãe já sabe que não é para jogar fora.

A outra história decorrente desta mania de escrever em tudo que vê, aconteceu no colégio em pleno segundo grau, estava eu a caminho do colégio dentro do ônibus, era período de prova, estava em posse de apenas lápis, caneta e borracha. Na metade do percurso tive uma inspiração poética, versos começaram a brotar do meu coração, olhava para o chão, fuxicava os bolsos, não encontrava um pedaço de papel para anotar o que minha amiga alma me dizia, estava ficando preocupado, tinha medo de esquecer a inspiração, daí veio a idéia de escrever nas mãos, quando fui perceber todo o anti braço esquerdo já estava escrito e finalmente o ônibus apontava o ponto destino chamado escola. Entrei na sala, sentei na cadeira e aguardava eu e os demais alunos a aplicação da prova de matemática. Quando o professor começou a entregar a prova, e foi se aproximando de minha pessoa, ele não deixou de perceber meu braço que estava bastante escrito, então ele falou: Leandro não acredito, você esta com cola nos braços! Eu respondi : Não é cola professor. E ele disse: Se não é cola, é o que? Tatuagem que não é. Ele pegou meus braços para averiguar e começou a ler em voz alta, de modo que todos podiam ouvi-lo, foi uma cena constrangedora e ao mesmo tempo hilária, pois todos estavam rindo, depois daquele dia passei a ser conhecido como poeta. Nestes dias atuais poeta é muito mais que um apelido “poeta é meu sobrenome”.

Leandro Senna

Este conto foi inspirado para uma Ciranda de uma grande amiga "Lee Nunes"

"CIRANDA DA MANIA"

http://www.recantodasletras.com.br/cirandas/1758757

Leandro da Silva Senna
Enviado por Leandro da Silva Senna em 22/08/2009
Código do texto: T1768069
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