Peido Em Flocos
Peido Em Flocos
(Rael Maes)
Lembro-me certa vez, eu havia acabado com o estoque de cachaça de casa, estava mal do estomago, mas, mesmo assim, resolvi pegar e ir comprar mais bebida.
Peguei o ônibus e fui em sentido ao centro de São José, onde compraria minha bebida favorita.
No meio do caminho, o estomago aperta, não aguentei e peidei, saiu uma bolinha de coco, merda, bosta, como preferirem, mas, não saiu molhado, saiu em flocos e na hora
o ônibus começou a feder. Os passageiros olhavam para todos os lados, eu desesperado, traumatizado por causa de um peido molhado do passado, não tão distante.
Olhei ao redor e vi uma criança recém nascida e fiquei do lado dela. A mãe foi e olhou a fralda, mal sabia ela que o cagado não era a criança. Mas, pelo menos o povo no ônibus não sabia disso, porém, creio que ninguém entendia como um bebe poderia cagar tão fedido. Não suportava mais ficar no ônibus, percebi que eu irria soltar todo o resto.
Apertei a campainha, a porta se abriu e pulei, sem nem mesmo o ônibus parar, pior merda que fiz, saiu mais uma pelota de bosta na caída, acho que o rego abriu por causa do pulo, sei lá. Levantei e saiu meio correndo com o cu apertado, nem olhei novamente para o ônibus, só ouvi uma velha berrar.
"Minha nossa senhora, o menino deve ser retardado e ainda ta cagado”.
Agora eu estava correndo tipo de pernas fechadas, se é que isso é possível? Fui andando contando as quadras de casa, davam umas quatorze, havia demorado muito para descer do ônibus. Fui andando e olhei para frente, havia uns policias dando geral em uma galera no boteco e pensei comigo.
“Esses não estão assim tão fudido, pelo menos não estão literalmente cagado”.
Passando na frente do bar, só que do outro lado da rua, no mesmo momento, que meu estomago fez um barulho estranho e doeu, fiz uma cara de dor e o policial me olhou, ele deve ter pensado que fiquei com medo deles e berrou pra mim.
“E você seu corno safado, vai pra parede também".
Fui argumentar com o guarda, mas, se eu falasse perderia o controle das pregas e fui pra parede na hora. O policial chegou e mim, me fez abrir as pernas, ele estava bravo, me xingou de bandido, que estava com o cu preso, e eu pensava.
“Por sorte estou, se não já teria liberado todo o resto que guardo”.
Foi quando aconteceu o pior, na adrenalina que o policial estava, creio que ele não sentiu o cheiro, ao me dar uns tapas e abrir minhas pernas, ele colocou as mãos por dentro de minha calça e tirou rapidamente, ficou pasmo ao ver sua mão cheia de merda, ele esbravejou.
"Seu maldito, você se cagou de medo".
Pensei comigo.
"Por sorte tive medo, graças a ele, não caguei o resto”.
O guarda me bateu, mas, nem doía, eu só queria controlar a pregas. Colocaram-me com outros dois atras da viatura, numa espécie de micro celas, os dois bandidos xingavam, me chutavam, dae fiquei bravo e disse.
“Se me baterem mais uma vez, dae cago de vez”.
E um dos caras me deu uma joelhada na barriga, justo na barriga? Na mesma hora o militar fez uma curva violenta, bati a cabeça no teto e esqueci de controlar as pregas e defequei como se estivesse no banheiro. Saiu merda pela calça inteira, os milicos não aguentaram, ficaram possessos, pois, cheiro de valeta estaria mais ameno. Pararam a viatura derrapando, o policial abriu a parte de traz, me tirou de dentro, xingou de cagão e todos outro nomes de fezes possíveis. A cela da viatura estava com bosta no chão, nas paredes e tinha um pedacinho no teto. Eu não conseguia falar, em momento nenhum eu falava. O policial tirou as algemas, nem me chutou a bunda, acho que não queria sujar farda e me mandou ir embora.
Fui embora sem olhar para traz e eu ainda sentia que tinha mais barro para liberar. Desesperado, percebi que estava mais longe ainda, do que quando desci do bonde e quase chorei. Na rua fui olhando a minha volta, as varejeiras abandonavam as valetas e todas as fezes da redondeza e me seguiam, me sentia um encantador de insetos, ou pelo menos de varejeiras, agora ao menos, eu tinha companhia de seres vivo,s que não reclamavam de meu cheiro. Continuei andando e a barriga dizendo.
"Vou despejar, vou evacuar".
Mais a frente vejo uma bicicleta, na frente da igreja evangélica, deus sabe que só peguei ela para dar uma defecada e se o culto fosse longo eu devolveria, catei ela e sai correndo, quando ouço lá atrás.
"Rael, seu filho da puta, deixa um rastro de merda E AINDA ROUBA MINHA BICICLETA?".
Não olhei parta traz, mas, eu deveria ter dito.
"Deus te ajude irmão, é por uma causa suja e fedida, mas, para mim é questão de vida".
Mandei-me sem pensar no que estava acontecendo. Correndo e correndo, já não controlava mais direitas as pregas, vi merda descendo pelas pernas e o caminho eu ia marcando, me senti como João e Maria, que faziam marcações com pipoca na floresta, para não se perderem, mas os passarinhos comeram e deu no que deu, só que no meu caso, quem comeria minhas marcações seriam, minhas amigas moscas varejeiras, que nem me despedi, nesse dia só elas me entenderam.
Era muita merda, competiria com qualquer lixão bravamente, quando vejo ao longe minha casa, fiquei muito feliz, que soltei as mãos do guidão da bicicleta, nesse momento, bato numa pedra, que são muitas, em ruas de chão e capoto bonito e entortando o pneu da bicicleta. Agora eu estava, caído no chão, todo cagado, agora também todo ralado, joelho trincado. Quando derrepente, sinto um braço tentando me levantar, era uma mão delicada, que ao me tocar disse.
"Credo seu frouxo, Rael você é porco, só por causa de uma caidinha de bicicleta foi se cagar?".
Olhei para reconhecer, era minha namorada, olhei a bicicleta toda estourada e chorei, nesse momento minha atual ex, me deu um tapa e berrou.
"Pode ser cagado, bêbado e até drogado, mas, chorão não, só por que caiu e se cagou vai chorar, agora ache outra, seu porco, que você não quero mais olhar".
Ela saiu, me abandonou, eu irria parar para refletir, mas, não consegui, meu estomago deu mais provas de vida e quase urrou. Sai correndo deixando a bicicleta para traz. Entrei em casa, procurei minha chave e não consegui encontrar, lembrei da geral que levei. O policial pegou minha chave e documentos, mas, nem parei pra pensar, com um chute ala Chuck Norris, arrombei a porta e pro banheiro fui cagar.
Os vizinhos ouviram o barulho e pensaram que era um bandido, enquanto eu finalmente me sentia livre no troninho da paz anal, eles chamavam os policiais, terminei minha cagada e pensei em tomar um banho. Puxei a descarga, alegremente o troço desceu, dei finalmente uma risada e peguei uma toalha, para aquele banho tomar. Quando vou fechar a porta arrombada, dou de cara com um policial e para aumentar minha desgraça, eram os mesmos de antes e já levei um tapa, o policial logo disse.
"Filho da puta de cagão, além de tudo é ladrão, já que estava pegando essa toalha pra colocar as coisas roubadas, a use e entre na viatura, para não sujar de novo, a cela da viatura, que tive limpar por causa de você".
Apanhei de cacetete, pois, com a mão, ele não tinha coragem de bater. Entrei na viatura, lógico que na parte do casulo, nesse momento senti saudades, das moscas varejeiras, que antes me acompanhavam, adorando sentir meu cheiro. Chegamos na delegacia e fui retirado sem ser tocado, chegando na luz, me olhei, acho que só não tinha merda nas mãos e na cara, eu era um mostro de merda e todo ralado. Fui jogado no corredor, pois, nas celas, os prisioneiros ameaçaram fazer rebelião, caso me misturassem com eles. Usei minha toalha para tirar o excesso de bosta, que estava impregnada em meu corpo, algumas partes já estavam impregnadas como cimento. O delegado chegou e mandou me darem banho. Nada me disse, dele eu só ouvia.
"É fedido mesmo, nem minha recém nascida é tão fedida".
Descobri dias depois que aquele neném no ônibus, era a filha do delegado e tenho certeza que ele disse a verdade. Quando vi a mangueira que trouxeram para me darem banho, fiquei espantado e lembrei-me de um filme, no qual Silvester Staloni, não sei escrever o nome dele, eu o chamo sempre só de Rambo, mas, então, ele é preso e vão dar banho nele com uma espécie de vap, nesse momento ri, mas, parei no momento que ligaram a mangueira.
Coisa fria aquela água, que fez até passar a porradeira na cabeça, que ainda estava por causa das cachaçada infeliz. Após me darem o banho, os guardas me arrumaram de longe, algumas peças de roupas, uma bermuda que ficou bem atolada e uma blusa que aparecia o umbigo, me senti uma bicha e lembrei-me de minha atual ex namorada, me chamando de viado, se agora ela me visse, acabaria com minha reputação, já imagino até o que ela diria.
"Cagão eu aceito, até beberrão, estava aceitando você ser chorão, mas, putinha de cadeião, isso não".
Ao pensar nisso quase chorei novamente, mas, eu nem sabia o que fazer. O delegado voltou e desta vez veio conversar e logo perguntou.
"Você é o rael maes?".
Meneei a cabeça em positivo e ele me mostrou meus documentos e minha chave. Falou que teve uma queixa de roubo de bicicleta e que já a retiraram, perguntou se eu sabia o que tinha acontecido, fiz com a cabeça que sim e ele disse.
"Então, conta".
Eu não conseguia falar. Falei meio tremulo, meio gaguejando.
"Ah caiu, quebrou, igreja, bicicleta, namorada, chorão".
Ele me chamou de retardado e achei que poderia ganhar proveito quanto a isso. Lembrei-me de certa vez, querer fazer papel de Tonho da lua, para uma situação, não menos constrangedora e larguei minha frase.
"eeeeeuuuuu soooou legaaaaallll, sóóóó que cagueeeeei".
O delegado nem riu, ficou consternado. Saiu rápido e mandou me tirarem dali, me deram café, bolacha e já me sentia melhor, o problema era fazer minhas caras de retardado sempre, antes estava fácil, pois, a caganeira ajudava, já agora nada. No final o delegado perguntou se eu sabia voltar para casa, pois, não poderia ficar cuidando de mim. Eu sem perceber respondi de cara.
"Sei sim delegado".
Ele estranhou e me liberou. Da rua ouvia a voz do delegado dizendo aos seus homens
“Nunca mais me tragam aqui um retardado, isso poderia dar problemas, por sorte, ninguém ficou aqui ou deu queixa e conseguimos liberá-lo”.
Fui embora feliz, me senti livre enfim, sem merda em mim, com uma comidinha e café no estomago, meus documentos e minha chave, mas, teria de chegar em casa e arrumar a porta de alguma forma, antes de meu pai chegar, caso contrario o pau irria comer novamente, mas, nem liguei e fui feliz. Quando achei que nada poderia piorar novamente, levo uma pezada nas costas, apanhei de um bando de crente.
Eles me xingavam de bandido. Vagabundo e diziam que eu irria pro inferno, eu já queria ir pro inferno, pelo menos lá o diabo deve arrumar papel higiênico, além de ser quentinho e não ser frio como o mato em que me jogaram, depois de bater um monte e eles foram embora rindo, quem estava com o demônio já não sei dizer, olhei e a bicicleta que antes eu havia roubado, estava com o dono, ela estava quebrada e ele só empurando, olhei bem a figura, era o pai de uma menina, que certa vez quebrei o banheiro, por causa de um peido molhado que soltei. Mas essa estória já te contei.
E ri, chorei e tudo, acabei adormecendo a li. Acordei de manha, muitas pessoas na rua, eu de shortinho atolado e com quase uma mini blusa, parecida um viado, mas, nada poderia piorar, ledo engano, no que passa minha atual ex-namorada me olhando e ela nem se deu o trabalho de me chamar de viado.
Conto esses causos de minha vida, pois, sei que nunca acreditarão.
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