A Escrita na Areia
A Escrita na Areia
Dois amigos, Mussa e Nagib, viajavam pelas estradas das sombrias montanhas da Pérsia; acompanhados de servos e caravaneiros. Certa manhã: eles chegaram às margens de um rio onde era preciso transpor a corrente ameaçadora.
Ao saltar de uma pedra o jovem Mussa foi infeliz, falseou-lhe o pé e ele veio a precipitar-se no torvelinho espumejante das águas revoltas do rio. Teria ele ali morrido arrastado ao abismo, se não houvesse a presteza de Nagib que sem hesitar um só segundo, atirou-se à correnteza; e a lutar furiosamente, conseguiu trazê-lo de volta às margens.
O que fez o Mussa? Chamou o mais hábil servo e ordenou-lhe que gravasse numa grande pedra a seguinte legenda: “Viandante”! Neste lugar, durante uma jornada, Nagib salvou heroicamente o amigo Mussa.
Eles continuaram a viagem de regresso às terras: sentaram-se em uma praia de areia clara para descansar; puseram-se a conversar e repentinamente: por um motivo fútil, surge uma desavença entre os dois companheiros de jornada; discutiram, discordaram e Nagib, num ímpeto de cólera, esbofeteou o amigo Mussa.
E o que fez o Mussa? Mussa não revidou a ofensa. Ergueu-se tranqüilamente; apanhou a bengala e com ela escreveu naquela areia fina e clara, a seguinte legenda. “Viandante”! “Neste lugar durante uma jornada, por um motivo fútil, Nagib injuriou gravemente o amigo Mussa”.
Um dos servos observou cerimoniosamente e disse; senhor: da primeira vez, para exaltar a abnegação de Nagib, mandou-nos que gravássemos na pedra, o feito heróico. E agora, que ele acaba de ofender-lhe tão gravemente, limitais a escrever na areia incerta o ato de covardia! Mussa retrucou-lhe.
A primeira legenda ficará gravada para sempre e todos os transeuntes que por este sítio passarem, dela terão notícia. Esta outra porem, riscada no tapete de areia, antes do cair da tarde, terá desaparecido como a um traço de espuma entre as ondas do mar.
“É que, o benefício que recebi de Nagib, permanecerá para sempre em meu coração. Mas a injúria; escrevi-a na areia para que se apague depressa, e que mais depressa ainda desapareça da minha lembrança”.
Aprendamos a gravar na pedra os favores; os benefícios, as palavras de carinho, simpatia e estimulo que recebemos. E a gravar na areia, as injúrias; as ingratidões, as ofensas e as ironias que nos ferirem pela estrada da vida.
Desconheço o autor.