Contos uivantes 7
Vou eu descobrindo nuvens, desbravando Mistério d’águas que do céu escorregam e quando os ventos alísios soprarem, tudo irá se mover, como rios d’algum lugar do passado a verterem recordações d’encantos etéreos, para mais tarde porém, tudo retomar seu curso normal, daquelas nuvens ventadas do antigo alvor, harmoniosas, ecoando à distância cantigas que moram na memória, na chuva refletindo o louro solar, crescerá o arco-íris das cores mágicas.
Ele brincando e colorindo, falo do arco florido, veleja nos mares celestes, tal velas insufladas de ventos uivantes, monitorando mentes viajantes, rasgando indiscretas nuvens cadentes, ladras do pensamento que se perde em orelha de elefante, castelos, anjinhos voadores...e em qualquer pontinho do firmamento.
Feliz serei enquanto este ventilador da natureza uivar nos ouvidos de minh’alma agreste, sua melodia cantante, que remexe e areja minhas intimidades mais secretas, dando-lhes os sabores da vida e evitando o ostracismo.
Ventos, que uivando prometem sempre alvíssaras, falam-me com as vozes da terra, que é desnecessário pedi-los, estão por aqui e por aí, suprindo de vida os que à vida se entregam com amor, respondendo aos seus uivos silvestres, milenares, que em seu dom divino e supremo rejuvenescem a alma do tempo, assim como a qualquer um que aprenda a ouvir, entender, amar e responder-lhes, amorosamente.
Intermitente, entre vôos itinerantes, em breve partida e mais breve regresso,permite-nos o lenitivo do Bálsamo dos Bálsamos, no reencontro inesperado mas sempre oportuno.
Santos-SP-16/04/2006