COINCIDÊNCIA!

COINCIDÊNCIA

Ela estava só, fazia compras no supermercado. Era alta, meiga, bonita! Nem se sabia a sua idade, só ela mesma. Ouviu chamar, mas nem ligou.

Ele tocou de leve a mão no seu ombro, ela se assustou, e, virando-se, deparou com um velho gordo, feio, grisalho:

- Lembra-se de mim? – indagou ele fixando os olhos nela.

A moça olhou, olhou e não o reconheceu.

- Desculpe-me meu senhor, mas não sei com quem falo.

- Tem certeza de que não se lembra? Não está me reconhecendo? Insistiu ele. – Sou

Daniel.

Atônita, ela quase desmaiou:

- Daniel?!? – falou com dificuldade. – Como você mudou, meu Deus!

- È a idade, Marie, também os sofrimentos. – Disse ele encarando-a – Você é jovem, bonita...

Marie olhou-o, então já havia amado aquele homem gordo, indecente! E só agora ouvia dele, um elogio. Olhou-o novamente, tentando descobrir algo de bom ou bonito, mas não viu nada, senão aquele rosto enrugado.

Nervosa, quis sair dali, mas lembrou que só faltava pagar a conta, dar um desculpa a ele e ir embora. Pagou a conta, tentou fugir de Daniel e não conseguiu. Quando deu por si viu que estava no carro dele, com certeza ele lhe oferecera carona.

Daniel e Marie conversavam, riam e o carro seguia.

- Você chegou a me amar? – Ele disse de repente.

Ela assustou diante desta pergunta. Respondeu:

- Sim, Dani, na verdade eu era uma criança, mas você foi o meu primeiro-único amor. Você se lembra quando nos encontrávamos na rua, nas feiras, nos restaurantes? Parece que você não gostava de se encontrar comigo, ficava sem graça, sério...

Ele sorriu.

- Sim, Marie, eu não gostava de você, mas parece que tinha uma coisa, qualquer coisa que nos ligava. E tudo virou nada. Hoje você é jovem, eu sou velho. Casou-se?

Ela não respondeu, mudou de assunto, procurou algo no chão do carro. Nervosa, sim. Ele insistiu:

- Casou-se?

- Sim, estou casada há um ano, mas vou confessar-lhe um segredo, sim? Mas é segredo mesmo, certo?

- Certo, você não ama o seu marido, não é isso?

Marie teve um sobressalto.

- Como sabe? – Perguntou assustada.

- Está escrito nos seus olhos que você ama a mim ainda.

Como? Então dava tanto na cara assim? Ele não podia estar falando sério. Não podia! Aquele homem feio, velho ao seu lado, olhou-o de perfil e viu um porco, sim, um porco! Não parecia o Daniel que ela conhecera anos atrás. Um moço bonito! Era.

O carro parou, Daniel perguntou:

- Qual é o nome do seu sogro?

- Oh! Que coincidência! – Disse sorrindo nervosamente. – É Daniel também, mas não o conheço, ele vive na Europa, não quis vir ao meu casamento porque não queria ver o Fabinho casado tão cedo. Sabe como é, não? Os pais não querem...

Ele chegou mais perto dela e disse, cheio de ódio:

- Eu não queria, estou chegando da Europa agora, não queria ver meu filho casado com você...

Kátia Susana Perujo.

Susy
Enviado por Susy em 12/03/2006
Código do texto: T121997