HISTÓRIA REAL (Publicada)

Nota: Publicado na revista SELEÇÕES - Reader's Digest - em junho de 2004.

BRANE, ALDO BRANE

Trabalhávamos num grande banco. Quando ele passava por mim, sempre com um sorriso amável, chamava-me de "Branca de Neve", por eu ser muito branquinha. Um dia, como ele era também muito branco, quando veio com o "Oi, Branca de Neve!", devolvi com ironia: "Como se você fosse moreno, não é Algodão-Doce?"

Ele sorriu.

Com o tempo, por conta dos apelidos, criou-se entre nós uma afinidade e começamos a sair para lanchar. João era legal, mas bem diferente de mim. Era sério, caladão; eu, alegre, sonhadora. Apesar disso, gostava de sua companhia.

Eu era secretária da agência e todos os dias pela manhã conferia minha agenda, que ficava sobre a mesa. Um dia alguém escreveu ali "Aldo Brane", e ao lado deixou uma barra de chocolate. E tornou-se um ritual diário encontrar o nome em minha agenda e, ao lado, o chocolate. Até que um dia, passando pelo João, ele olhou-me como nunca havia me olhado e disse:

- Quando a gente se casar, nosso filho vai se chamar Aldo Brane!

- Você está louco! Que nome horrível! De onde você o tirou?

- São nossos apelidos... - disse ele, desconcertado com minha reprovação. - Do apelido que você me deu "ALgodão-DOce", tirei as primeiras sílabas e formei Aldo e do apelido que lhe dei, "BRAnca de NEve", deu Brane... Aldo Brane, entendeu?

Nesse mesmo dia, antes de dormir, fiquei pensando no João, no tempo que ele ficou juntando nossos apelidos, no tempo que passou pensando em nós, no carinho que nutria por mim... E ali, naquela noite, descobri que ele estava apaixonado por mim, só não teve coragem de se declarar. Depois daquele dia, comecei a tratá-lo diferente, melhor, com mais atenção. Talvez também eu estivesse apaixonada por ele e não admitisse.

Após um ano e oito meses de namoro, casei-me com João no dia 12 de novembro de 1988 e hoje, 15 anos depois, além de Aldo Brane, de 4 anos, temos uma menina, Ana Catarina, de 7 anos, que completam nossa felicidade!