PAZ DE ESPÍRITO

“Sempre que houver silêncio que haja paz.”

Desde pequeno que ouço essa frase, não é sempre que eu a uso, mas sempre me recordo dela. Talvez no momento final de desespero eu perceba como a frase me soe bem, porque o tempo todo o silêncio me acompanha. Desde que entrei aqui.

Foi quando que por impulso eu apertei o gatilho e matei o farmacêutico que não queria me entregar os remédios e um pouco do dinheiro do caixa, para que eu pudesse levar para casa.

Me parece que ainda ouço o baque seco do silêncio e os olhos assustados dos poucos fregueses que estavam na farmácia quando o corpo caiu no chão. Meu mundo se despedaçava...

Antes de entrar eu havia rezado a Deus para que eu não ferisse ninguém, e olha só o que eu fiz... Agora tem um homem morto no chão.

Sem saber o que fazer larguei a arma que nunca fora tão pesada até aquele momento e tentei acorda-lo, mas já era tarde. O homem estava morto...

Não sei bem o que aconteceu depois, pois só me lembro de ouvir as sirenes da policia. Mas não tentei fugir, não pensei em correr. Deixei que me levassem, no camburão apanhei até desacordar.

Agora estou numa cela escura e silenciosa, mas tenham certeza que a paz não está comigo. Deixei em casa minha família sem auxílio ou proteção e na casa do farmacêutico a dor... Por isso me lembrei da frase.

Sempre que houver silêncio que haja a paz.

Que paz!