A princesa que nunca desceu da torre
Que pena , ela está toda chororô, indecisa e nem queria mais dançar.
Perdeu seu sapatinho de cristal, e percebeu que o castelo tinha desmoronado. Nada mais de festas no jardim enluarado.
Nem mesmo um pequenino passeio mixuruca a bordo de sua carruagem . Nem um jantar a luz de velas e talheres de prata.
Nada do fiel cocheiro a aguardar, com seu uniforme engomado e lustroso.
Bem queria acordar e ver que a abóbora sim, era fantasia. Queria que tudo o mais fosse realidade. Que seu castelo seus longos vestidos fossem mesmo de verdade.
E que o príncipe nunca viraria um sapo.
Acontece que só sobraram pedras do castelo dela.
E finalmente descobriu que nunca foi uma Cinderela. Não passava mesmo de uma eterna Gata Borralheira.
O príncipe andou frente ao tempo, modernizou-se e vendeu seu lindo alazão. Bem a preço de bananas, nada mais tinha importância.
Do cocheiro , nada restou . E ele agora anda com um belo capacete e uma jaqueta preta , por uma estranha estrada de cor negra como sua vestimenta .
Seu mensageiro , como a princesa , não prestou atenção aos sinais do tempo , não olhou além do horizonte. E no castelo ficou. Até que mais nada restasse a fazer, e o desemprego agora é fato...O príncepe hoje tem outros serviçais.
Enquanto seu príncipe vive a mil por hora sempre conectado. Trocando juras de amor com princesas de terras tão, tão longínquas.
A princesa que se sentia segura em sua torre , cada vez mais sozinha ficava.
A camponesa bem que avisou. Princesa, que tal abrir os olhos , acordar de vez.
Por que não desce desta torre e vai a terras não tão distantes? Seria saudável a bela princesa, pisar em outros verdejantes campos e quem sabe tomar um café expresso com um conquistador. Daqueles belos e valorosos. Galantes e sedutores.
Mas não, a princesinha temerosa, achou que não poderia. Não teve coragem de atravessar o fosso. E se escondeu atrás de seu mágico espelho.
Bem feito, o príncipe com seu novo alazão, veloz e prateado partiu atrás de novas descobertas.
Outros castelos tomou posse. Outras belas princesas ele conquistou junto com seus reinos formosos e dourados.
Pobre princesinha ficou pelos cantos a chorar...
Nem mesmo a camponesa restou para lhe consolar. Afinal de contas a camponesa comprou uma caixinha quadrada com um teclado capaz de fazê-la viajar como nunca havia sonhado.
Até mesmo os príncipes de terras distantes ela podia conquistar. Por que para a camponesa o teclado mágico era passagem certa para um mundo nunca antes possível.
E com aquelas inúmeras letrinhas a combinar, não mais sobrou tempo para a princesinha, que ficou a chorar, coberta de jóias e sedas em sua torre.