Soldados
Sarah Ane não era uma moça comum, ao contrario das meninas de sua idade que procuravam a todo momento um parceiro para casar e desejavam ardentemente ter filhos. Sarah Ane pensava em entrar para o exército esse era o sonho de seus pais, seguir a carreira do pai esse era o seu dever. Mas esse não foi o principal motivo para seguir carreira militar, na verdade queria fazer medicina e apesar de suas médias altas não conseguiu nenhuma bolsa, por isso decidiu se formar através do exército conseguir realizar seu grande sonho.
A moça não teve uma infância e adolescência normal, antes de brincar com bonecas já sabia lutar, antes de aprender a dançar aprendeu a atirar. Apesar disso, era doce, meiga e mais sensível que a maioria das garotas de sua idade.
Eis a tão sonhada prova, a aprovação e quando menos esperou o exército.
Soldado essa foi a sua patente, destaque sobre os Recrutas, sua mente era lógica o raciocínio era rápido e ninguém precisou ensinar a atirar ou lutar. Vencia até os mais audaciosos recrutas.
Um dia o coronel decidiu testar os conhecimentos da garota, apesar de não assumir publicamente a admirava, nunca nenhuma mulher havia vencido tantos desafios e chegado tão longe, pois Sarah Ane convivia com o preconceito dos homens que a desafiavam constantemente duvidando sempre da sua capacidade. Mas nada fazia com que ela desistisse.
- Vocês serão divididos em 3 equipes, lideradas por Sarah Ane Moss, Neo Frigman e Jonny Mooder –disse o Coronel.
- Sarah Ane – Sussurrou um dos recrutas.
- Senhores e senhoras, é bom que enfiem em suas cabeças e nunca mais esqueçam minhas palavras. Aqui todos somos iguais, não temos sexo. SOMOS TODOS IGUAIS. Todos entenderam?
- Sim senhor – respondeu o batalhão.
- Vocês serão deixados em uma floresta fechada, com armadilhas, quem conseguir chegar ao ponto central do mapa vencerá – terminou o coronel entregando o mapa para os líderes.
Em meio a floresta, separados as três equipes seguiram em frente. As equipes trapassearam tentando atrapalhar as outrasm, Sarah Ane não permitiu isso em sua equipe.
- Estamos aqui para sermos os primeiros, isso não quer dizer que devemos esquecer os outros são nossos compatriotas. Seguiremos em frente com nossas próprias pernas e nosso próprio sangue, e com nosso esforço chegaremos ao objetivo. Estamos juntos nessa.
- Sim - respondeu a equipe.
Sarah Ane, delegou as atividades a toda a equipe de acordo com o talento de cada um. Com seu raciocínio descobria os caminhos e as armadilhas se livrando de quase todas, quando um dos membros da equipe foi pego, ou outros se uniram para libertá-lo de um prisão cercada de guardas e armas e conseguiram libertá-lo. Quase cindo dias depois, a equipe da soldado Moss chegou ao ponto central e foi a dela a primeira equipe a chegar. Com isso Sarah Ane Moss ganhou o título de tenente e uma guerra começou. Seu batalhão foi convocado e ela chamada a sala do coronel.
- Vou ser bem sincero, a senhorita é o melhor soldado que já tivemos o único completo, tem agilidade e inteligência, força e pontaria. Não posso aceitar que esqueça esse talento e siga carreira na medicina. Entramos em uma guerra e nosso batalhão foi convocado e você é a melhor líder que já houve. Gostaria que aceitasse o cargo de tenente e lidere as tropas. Porém se não quiser aceitar e decidir pela medicina, entenderei sua posição de mulher...
- Posição de mulher – inquiriu Sarah – pensei que aqui fossemos todos iguais.
Para defender seu orgulho feminino Sarah Ane aceitou a patente e foi para guerra.
Mãe e Pai.
É estranho pensar mias por incrível que pareça, quando entramos para o exército nunca imaginamos lutar em uma guerra, estou aqui sem enfrentar nenhuma batalha e já enfrento o horror da guerra. Meu batalhão está próximo á um hospital, e aqui após dois bombardeios vejo crianças decepadas, mulheres chorando e dezenas de civis inocentes pagando pelos erros de seus lideres. Quando cheguei aqui, vi de frente o povo que meu país julga estar libertando e sinceramente não sei se é por isso que estamos aqui. Conheci também John Ranner um doce médico do exército, que em pouco tempo se tornou um grande amigo.
Acabo de enfrentar minha primeira batalha, eu... eu... matei pela primeira vez, cheguei a perder a conta de quantos vi caírem a minha frente. Estava no meio da batalha, quando parei olhei e não tive coragem de atirar, mas se não o fizesse meus companheiros, que contavam comigo padeceriam. Poucos pessoas sabem o quanto é difícil ter a vida dos outros nas mãos, decidir quem vai morrer. A única coisa que me restou foi gritar atirem e eles atiraram, massacramos o pequeno montante de soldados inimigos. Na minha tropa não houve baixas. Em mim algo explodiu quando vi aqueles homens morrendo e principalmente quando estava olhando nos olhos deles. Algo mudou... algo mudou dentro de mim.
Sarah Ane
E muitas outras batalhas se seguiram e a Tenente Moss vencia a todas, morte após morte, e cada uma doía e pesava em seu coração. Para fugir da dor, à isolou no fundo da mente. Agora a doce e meiga Sarah Ane, não existia mais, restara apenas Tenente Moss e como uma máquina seguia de batalha em batalha, sem perdas em seu batalhão. Eles eram conhecidos no exército como “Os Intocáveis”. E a Tenente Moss conhecida em todo o exército com exemplo de liderança, causando ciúmes e revolta em alguns homens. A guerra causou muitas baixas ao exército, porém o batalhão Águia continuava intacto.
Apesar do repeito que impunha e a confiança que o batalhão tinha em sua líder, Sarah Ane, tinha apenas três amigos, Carl Becker, Jonny Priest e John Ranner. Carl e Jonny eram companheiros dela desde o treinamento, foram dois dos poucos homens que nunca a acediaram, John era o amor de sua vida, quando voltava ao acampamento o ajudara com os doentes, apesar de ter tentado por diversas vez ter um contado mais íntimo com John, ele se recusava terminantemente, sempre dizendo: “aqui não é lugar para começar um relacionamento, por mais que eu a ame, não farei amor com você nessas condições”.
Sarah se sentia frustrada a cada tentativa, causando muitas vezes brigas entre eles.
Depois de anos de guerra, o exército se preparava para a batalha decisiva, o Coronel mandou um telegrama dizendo que se finalmente depusessem o líder do país e “libertassem” o povo, os soldados voltariam para casa.
O exército se preparou para a batalha o batalhão Águia se preparou para a batalha, John resolveu se juntar a eles, mesmo sem nunca ter entrado em um campo de bataha. Algo dizia a ele que Sarah Ane precisaria dele.
Na noite antes de irem rumo a batalha, alguns soldados, além Becker, Priest, Ranner e Moss. Conversavam em volta da fogueira.
- Achei que nunca voltaríamos para casa – disse um dos soldados.
- Calma meu amigo ainda não voltamos, temos mais um desafio – disse Becker.
- Somos invencíveis, estamos sobre a guarda da Tenente Moss, nada vai acontecer conosco – disse o mais jovens dos soldados.
- Sarah Ane é uma boa líder, porém não sabemos o que nos espera amanhã. Sabemos? – disse Priest – É Deus quem decidi nossos destinos e não ela – Priet sabia que se acontecesse algo com alguém do batalhão Águia Sarah se culparia e não queria evitar isso.
Os soldados se recolheram permanecendo apenas Sarah, Carl, Jonny e John, na fogueira.
- O que vai fazer quando voltar para casa Becker? – perguntou Priest.
- Vou contar ao mundo que essa guerra foi uma grande farsa, vou deixar o exército, e nunca mais darei ouvidos a lideres como nosso presidente, que usam o país para benefício próprio – respondeu Becker sério – Não nos mandaram aqui para libertar esse povo, eles já eram livres, nos mandaram aqui para ter caminho livre, e roubar toda riqueza desse país. Antes de entrarmos aqui, o povo tinha o que comer e agora não tem mais. Mandaram nossos jovens para cá, quantos já morreram e quantos estão tão perturbados psicologicamente que se divertem maltratando outras pessoas. Quantas famílias destruímos, quantos civis foram mortos. Quantas vezes vi Sarah Ane chorar quando voltávamos das batalhas. Isso aqui é um inferno, não estamos fazendo bem a ninguém e sim matando a nós mesmos. E o mundo vai saber disso quando eu voltar.
- Se algum Coronel passa por aqui e ouve você falar assim, está “frito”.
- Não me importo, eles sabem que são verdades.
- Becker está certo, essa é uma guerra suja, fomos manipulados para estar aqui, toda a nossa nação foi – disse John.
- A gente não queria lutar – disse Priest – nem sei por que entrei no exército, acho que foi de tanto meus pais falarem na minha cabeça, ele já foi do exército... acho que foi por isso. Por minha acho que nunca seguiria carreira militar.
- Eu entrei para o exército para salvar vidas, queria seguir carreira médica, e olha onde me enfiei, matei muita gente, a maioria não sabe o que é ver alguém explodir na sai frente, o sangue espirra em você. Sempre me pergunto: Como cheguei aqui?- disse Sara Ane – você não sabe se quer por que está matando. Quando entra no centro da batalha é você ou eles, e existe ainda seus companheiros, os quais deve vigiar. Deixamos o corpo e os sentimentos para trás sobrevier é a única coisa em nossa mente. Vou dormir. Boa noite meus amigos – ela se retirando, quando virou e disse – John, não vá nessa batalha, fique por favor.
- Não posso – respondeu John.
- Por que? – questionou Sarah.
- Sou seu anjo da guarda e sei que vai precisar de mim. Vou ficar ao seu lado e não a nada que possa dizer para eu desistir. Sinto muito.
Todos decidiram dormir, o desabafo daquela noite fizera com que se sentissem bem, era bom ter amigos em quem confiar naquela situação.
Á ultima batalha
E todos estavam na frente de batalha ao lado da Tenente Moss, Priest e Ranner, subdividindo o batalhão com mais duas frentes indo pela laterais. Começou o ataque, todos os batalhões estavam unidos, não contavam que o exército inimigo estava preparado, foram eles que deram os primeiros tiros e o exército começou a cair, dessa vez o massacre foi mutuo. Não houve como liderar ou planejar, não havia como falar com os companheiros. A Tenente Moss gritava desesperadamente, tentando controlar seu batalhão, fazer com que se organizassem.
No calor da baralha dois de seus soldados havia morrido, Sarah não conteve o choro e o desespero começou a tomar conta de seu ser, John lutava e a observava ao mesmo tempo, ela estava a frente do batalhão e ordenou que ele ficasse na retaguarda por isso ele conseguia observa - lá mais, uma criança que corria de uma casa para outra tentando se esconder em meio a guerra, sem saber como agir saiu em disparada em meio ao campo de batalha, Becker correu para tentar tira-la, a tenente ordenou que dessem cobertura, finalmente abraçado com a criança Becker voltava para junto de seus companheiros quando foi atingido nas costas pó quatro tiros, os olhos de Sarah Ane arregalaram e por um instante o tempo parou, olhou em volta e viu sangue e violência por todos os lados, a sua frente havia três homens que tinha matado. Lembrou do dia em que conheceu Becker de quantas vezes riram juntos, de como conversavam e como sempre esteve ao lado dela,,, sempre, quando sorria, quando chorava, lembrou-se de quem era quando entrou para o exército de seus objetivos, e olhando firme para o corpo de Becker estirado no chão se perguntou: “Quando exatamente eu morri? Quando esse monstro nasceu”, Seus sentimentos e suas dores voltaram ainda piores, sentiu seu coração torcer, ainda não havia tempo para isso – pensou – a criança ainda está ali.
Sara Ane correu em direção ao corpo de Becker que ainda estava com a criança nos braços, colocou a criança dentro de uma casa e trancou a porta. Quando estava voltando ao campo de batalha, parou e ajoelhou ao lado do corpo de Becker estirado no chão.
- Vá em paz meu amigo – disse Sarah.
Ao passar a mão pelo bolso dele, encontrou um papel, guardou e quando ia se levantar, um soldado inimigo apontou a arma para ela, foi quando John saiu do fronte se jogou na frente de Sarah mais não foi rápido o suficiente, Ela percebeu que o tiro pegaria em John e se virou antes, o tiro acertou o braço dela. John atirou no soldado inimigo enquanto levava Sarah para a trincheira.
A guerra acabou, o líder do país fora deposto e a população “liberta”, A Tenente Sarah Ane Moss, e seu batalhão incluindo John Ranner retornaram ao país.
Ao chegarem foi-lhes preparado uma homenagem, lideres importantes do país e a imprensa toda estava presente.
- Estamos aqui hoje reunidos para homenagear a todos os bravos jovens soldados que lutaram tão bravamente para a libertação de um povo tão sofrido como esse. Hoje eu tenho o prazer de condecorar a Tenente Sarah Ane Moss, pela bravura e liderança excepcional. Para condecorá-la com suas medalhas e homenagear os bravos que lutaram ao seu lado, chamo a frente a Tenente Moss.
Sarah se levantou e seguiu em frente até o microfone com um pequeno papel nas mãos, o mesmo papel encontrado no bolso de Becker, o Coronel lhe cedeu o microfone.
- Boa tarde compatriotas, como o ilustre Coronel disse estou aqui, com uma missão importante, a de homenagear os que pereceram nesta guerra, talvez essa seja minha missão mais importante de todas e como não sou muita boas com as palavras. Trago em minhas mãos um discurso escrito pelo Soldado Carl Becker que faleceu diante dos méis olhos em nossa última batalha, nesse discurso está escrito o que a grande maioria dos soldados pensa e sente durante uma guerra. Peço a todos paciência para ouvir, o que este nobre homem tem a dizer.
Sarah Ane começou a ler.
Nós não queríamos lutar, estávamos lá vendo a morte de perto, crianças mutiladas e famílias desfeitas, quando chegamos a este país o sol ainda brilhava, haviam casas ainda de pé, hoje o que vemos são escombros e pessoas desabrigadas e sem alimentos.
Nossos soldados cada dia tornaram-se mais violentos, estão esqueceram quem eram, eu mesmo já me julgo metade do homem que era, toda vez que matava alguém me sentia como uma verme rastejante. Tudo por que estávamos lutando para libertar um povo que já era livre, antes mesmos de chegarmos aqui.
Nós entramos para o exército para defender nosso país e a justiça, ao invés disso nos tornamos assassinos tiranos, julgando e condenando inocentes a morte. Esse povo era inocente mais uma vez digo que não havia de que libertá-los.
Nós assassinos matamos e destruímos uma país inteiro, por interesse exclusivamente econômico. Fomos manipulados por nossos lideres a acreditar que estávamos fazendo o bem, porém era na verdade o mau.
Quantas vezes me perguntei por que lutar?
Nessa guerra lutei por falta de opção, já estava lá passando todo esse medo constante, precisei preservar minha vida e meus amigos.
Me recuso a continuar servindo lideres como estes, eu não quero lutar, me recuso a ser um soldado manipulado pedindo esmola, me recuso a ser escravo.
Hoje deixo o exército
Soldado Carl Becker batalhão águia.
- Faço minha as palavras dele – disse Sarah Ane ao terminar de ler.
Enquanto os repórteres pareciam felizes afinal conseguiram uma história, os lideres do exército fuzilavam Sarah Ane com os olhos, “foi minha pior decepção” essa foi a única coisa que o Coronel conseguiu dizer.
Sarah Ane ignorou, desceu do palanque em direção a saída, ao passar pelos seus companheiros de guerra, foi seguida por Priest, Ranner e outros soldados de seu batalhão, todos esses deixaram o exército.
A notícia saiu em todos os jornais e a guerra a ilusão da guerra pela libertação foi desfeita.