Terapia insólita
Durante a terapia de um suicida em alto grau, Manoel era o paciente que narrava a sua imensa tristeza infinita e por achar que a vida não fazia menor sentido. Os desenvolvimentos acelerados, os paradoxos contundentes, a carência de afeto e diálogo levaram Manoel, literalmente, a desistir da vida. Não havia o que consolasse. Sua mulher faleceu de leucemia. Sua filha única fora assassinada pelo noivo inconformado com o término da relação amorosa. Enfim, a tragédia o circundava em círculos cada vez mais concêntricos, cruéis e sufocantes. A psicanalista, Dra. Florence era renomada e, atenta a tudo que Manoel relatava durante a terapia, relatou que Freud , numa certa feita, num mesmo diálogo com um dos pacientes, identificavam as mesmas causas. Mas, apesar da vida humana, por vezes, não fazer sentido, ainda assim, não devemos atentar contra nossa própria vida e, aprender com o tempo que ainda nos resta. Manoel, estupefato olhava para a terapeuta... e, tentava em vão, encontrar alguma lógica. E, Florence explicava... a lógica, o sentido e, o encadeamento das coisas nem sempre é tão instantâneo por vezes, há o imponderável. O metafísico entre as prateleiras contundentes da realidade. Não é a solidão, o infortúnio ou simples destino que deve selar definitivamente o caminho que ainda temos que percorrer. Florence suspirou. Manoel suspirou e, a terapia acabou com reticências líricas e românticas.