na província
Na orla garotos liga os sons dos automóveis potentes saídos de autofalantes estridentes, música de qualidade duvidosa. Observo que ali andam a cavalo pelo passeio público, cavalos e pessoas disputam o mesmo espaço, policiais tomam cachaça no bar chamado "boca da barra", próximo ao farol. Mulheres discutem quem matou a vilã da novela das oito. Enquanto isto estou num bar a observar o mar, a TV ligada e o figurão acusado de corrupção dá entrevista num jornal local.
Um desconhecido senta-se a mesa e pede uma cerveja e me oferece, aceito e ele começou a fazer uma longa explanação da província: "os habitante daqui idealizam o lugar onde vivem, coisa até normal e explicável, mas não esse nacionalismo regionalista, um certo ufanismo local, a elite cultural fala do passado glorioso, da música local, dos 'artista da terra' , como se existissem artistas do mar do ar. Nossas elites culturais vivem do poder, portanto necessitam sublimar ou omitir a realidade oligárquica, paroquial e provinciana atrasada e miserável. A mídia nacional fala da miséria, corrupção e violência, mas ainda assim setores da elite cultural falam num orgulho de ser desse lugar...daqui de onde estamos, continuou a falar o estranho, .... dá pra avistar ver dois marcos da cidade a alta torre de TV que retransmite o sinal da principal rede de televisão do país, de outro a torre da igreja que fica numa colina que se destaca na planície que é esta cidade. A igreja simbolizando o poder espiritual de outro, a enorme torre o poder terreno da oligarquia mandante, oligarquia descendente de senhores de engenhos. Ao redor da colina e da torre contrastam, em meio a mansões suntuosas, casebres e palafitas, sobretudo na beira da praia onde ficam algumas fábricas fechadas, a zona morta da cidade " . Pedagógico continuou a me dizer, " as elites locais controlam o poder desde que Cabral aportou por aqui, são truculentas e tratam o lugar como propriedade privada, algo comum na tradição brasileira, sobretudo nas regiões mais periféricas. Os governantes do lugar não aceitam oposição, aquele velha máxima da política brasileira ainda fala alto: 'aos amigos tudo aos inimigos a lei'. Depois dessa longa fala, ele me perguntou o que eu achava daquilo, disse-lhe que me aborrecia, mas que já não me interessava pelo assunto, pois não havia geito a dar,
“Ele disse: nós somos alegres porque somos tristes ou somos tristes por sermos alegres? , ao que eu retruquei: não sei lhe responder, mas é uma questão a pensar”
Ao que ele me perguntou: o senhor é daqui? Disse não, ele replicou: " ainda bem meu senhor, pois o senhor vai me entender melhor, eu sou uma vítima desse lugar”
Não entendi o que ele quis dizer, mas não lhe falei mais nada, cumprimentei-o e pedi a conta, estava aborrecido e não queria sinceramente pensar naquela realidade descrita pelo estranho, saí, fui ver a praia, e não saia de minha cabeça aquela questão colocada por aquele homem falante e comecei a pensar afinal porque em meio a tantas mazelas somos alegres, qual o preço dessa alegria?
Um desconhecido senta-se a mesa e pede uma cerveja e me oferece, aceito e ele começou a fazer uma longa explanação da província: "os habitante daqui idealizam o lugar onde vivem, coisa até normal e explicável, mas não esse nacionalismo regionalista, um certo ufanismo local, a elite cultural fala do passado glorioso, da música local, dos 'artista da terra' , como se existissem artistas do mar do ar. Nossas elites culturais vivem do poder, portanto necessitam sublimar ou omitir a realidade oligárquica, paroquial e provinciana atrasada e miserável. A mídia nacional fala da miséria, corrupção e violência, mas ainda assim setores da elite cultural falam num orgulho de ser desse lugar...daqui de onde estamos, continuou a falar o estranho, .... dá pra avistar ver dois marcos da cidade a alta torre de TV que retransmite o sinal da principal rede de televisão do país, de outro a torre da igreja que fica numa colina que se destaca na planície que é esta cidade. A igreja simbolizando o poder espiritual de outro, a enorme torre o poder terreno da oligarquia mandante, oligarquia descendente de senhores de engenhos. Ao redor da colina e da torre contrastam, em meio a mansões suntuosas, casebres e palafitas, sobretudo na beira da praia onde ficam algumas fábricas fechadas, a zona morta da cidade " . Pedagógico continuou a me dizer, " as elites locais controlam o poder desde que Cabral aportou por aqui, são truculentas e tratam o lugar como propriedade privada, algo comum na tradição brasileira, sobretudo nas regiões mais periféricas. Os governantes do lugar não aceitam oposição, aquele velha máxima da política brasileira ainda fala alto: 'aos amigos tudo aos inimigos a lei'. Depois dessa longa fala, ele me perguntou o que eu achava daquilo, disse-lhe que me aborrecia, mas que já não me interessava pelo assunto, pois não havia geito a dar,
“Ele disse: nós somos alegres porque somos tristes ou somos tristes por sermos alegres? , ao que eu retruquei: não sei lhe responder, mas é uma questão a pensar”
Ao que ele me perguntou: o senhor é daqui? Disse não, ele replicou: " ainda bem meu senhor, pois o senhor vai me entender melhor, eu sou uma vítima desse lugar”
Não entendi o que ele quis dizer, mas não lhe falei mais nada, cumprimentei-o e pedi a conta, estava aborrecido e não queria sinceramente pensar naquela realidade descrita pelo estranho, saí, fui ver a praia, e não saia de minha cabeça aquela questão colocada por aquele homem falante e comecei a pensar afinal porque em meio a tantas mazelas somos alegres, qual o preço dessa alegria?