Cláudia
- Ivan, eu briguei com a Cláudia - chegou Romeu no restaurante, com Ivan já sentado à mesa.
- Romeu, senta aqui. Posso pedir dois cafés?
Antes que Ivan pudesse dizer que não queria café algum, Ivan já indicara ao garçom, que longe se encontrava, que queria dois um cafés. Um a mais para ele, que já estava por encerrar o primeiro e o segundo para Romeu.
- Vou pedir dois cafés. Sente-se, por favor.
O garçom foi prontamente para mesa com os dois cafés. Romeu esperou ele se afastar para começar a conversa.
- Romeu, você não acha que já está na hora de parar com isso? - era uma pergunta retórica. O limiar da pergunta retórica que não deixava categoricamente claro se era para haver uma resposta.
- Não fui eu, Ivan. Você conhece como ela é.
- Sim, Romeu, eu conheço ela. Eu conheço ela, eu conheço você, eu conheço o marido dela e eu só não conheço o filho recém nascido deles porque eu só vi na Instagram. Romeu, o ensino médio acabou. Há mais de cinco anos. Você é o único da colégio com quem eu ainda convivo, mas não dá para dizer que você convive comigo porque você parece que vive na fantasia.
- Ivan, eu não estou entendendo aonde você quer chegar...
- P(*), Romeu. Você não namora, cara. Você sequer vive em sociedade direito. A última vez que você falou com uma mulher, ela trabalhava como garçonete aqui. E você perguntou onde era o banheiro. E foi tão grande o desprazer dela com isso que ela foi assaltada. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, mas dizem que ela se sentiu melhor em morrer após ter que conversar contigo.
- Poxa...
- Você despirocou, Romeu. Você inventou essa fantasia que ela terminou com com Felipe e ficou contigo.
- Poxa...
- Já está ficando loucura isso. Ela não ficou com você e nem vai ficar. É triste, mas ficar mentindo para si mesmo que ela é sua namorada não vai mudar esse fato. E você está adoecendo com essa loucura. Eu só vou continuar convivendo com você se você parar com isso.
- Poxa, Ivan. Isso é muito triste. Não consigo acreditar que você está dizendo que tudo que eu vivi com ela..,
-... foi mentira. Mas foi. Uma namorada imaginária. Você precisa de tratamento psiquiátrico. Urgentemente.
- Poxa, Ivan. O que eu posso fazer.
- Eu não sei. Eu realmente não sei.
- O que você faz para não se sentir sozinho.
- Se eu fosse normal, eu tentaria me relacionar com alguém também. Mas como eu também sou um m(*) sozinho, eu pelo menos me sentia um pouco melhor do que você por não ter enlouquecido.
- Então por que você me tirou da loucura?
- Por que eu também não aguento mais ficar sozinho, pensei que poderíamos inverter os papéis.