Gabriel e os Cachorros
Gabriel era um homem desajustado, solitário e depressivo. Por conta da solidão, costumava conversar consigo mesmo, como se múltiplas personalidades tivesse.
Gostava muito de animais, principalmente cães, e costumava ficar olhando para os animais disponíveis para adoção da Coordenadoria de Saúde e Proteção ao Animal Doméstico, de sua cidade de São Paulo. (fora da história: você também pode ver a partir deste link: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/saude_e_protecao_ao_animal_domestico/index.php?p=272491)
Era uma espécie de escapismo martirial que se incumbia. Pensava consigo mesmo, simulando dialogar com outrem:
- É triste ver animais em estado de abandono, muitos enfermos. É triste tamanha abnegação ignorada dos funcionários, que escrevem depoimentos em nome dos animais, como se estes demandassem a adoção. É triste realizar o estado de rejeição que a cidade produz. É triste realizar que todos os animais, sejam eles humanos ou não, vivem no lixo para o lixo. Mas é preciso ter esperança.
Respondendo prontamente para si mesmo:
- É neste momento que eu fico mais triste. Realizar a esperança impregnada nestes textos e nestas ações apenas me entristece mais e mais.